sábado, 12 de maio de 2012

O mundo é melhor sem Cobras


Big Boss: Isso mesmo, muito bem. Ainda não existe motivo para partir.
Snake: ...
Big Boss: Há quanto tempo, Snake.
Snake: Big Boss?

Snake, que não teve coragem de atirar em si mesmo, fica em choque ao ver Big Boss ainda vivo. Big Boss, ao vê-lo, aponta sua metralhadora Patriot em direção a ele. Snake rapidamente troca o pente vazio de sua pistola automática para um cheio e mira em direção a Big Boss. No clima de tensão, Big Boss solta sua metralhadora no chão e parte para cima de Snake para desarmá-lo, como aprendeu com a Boss. Snake, ainda em pé imobilizado por Big Boss, fica sem reação quando seu pai fala em seu ouvido.


Big Boss: Releve, meu filho... Não vim aqui para lutar. Ou devo chamá-lo de irmão?
Snake: O quê?
Big Boss: Ainda não acabou. É hora de deixar as armas de lado... e viver. Tudo começou com um bando de velhos idiotas, mas agora eles já se foram. A era da estupidez acabou. Sou o único que resta e logo, logo também não vou estar mais aqui.
Snake: Como você ainda pode estar vivo?
Big Boss: O corpo que o Liquid queimou no Volta não era meu. Era o corpo de um clone: o Solidus. Ele era o clone perfeito. O Zero e as IAs que vieram depois dele foram convencidos que o Solidus era eu. Implantaram nanomachines em mim e me mantiveram num estado de sono eterno pelo JD e pelas IAs interligadas... me selaram completamente. Não só o meu corpo, mas minha mente também. A tecnologia era similar à que usaram para manter as integrantes das B&Fs que você encontrou. Para que eu acordasse de novo, o Sistema tinha que ser destruído: de um jeito ou de outro. O Ocelot e a Eva desejavam duas coisas: me trazer de volta à vida e finalizar os Patriotas. Isso significava destruir as IAs, o JD e matar um homem: o Zero. Pouco antes de você infectar o GW com o vírus, o caminho para o JD foi aberto, mas somente através da manifestação física do GW. Foi quando finalmente descobriram a localidade desse homem: o Zero. Para mim, para o Ocelot e para a Eva... para a Naomi... nada era mais importante. Foi por isso que colocaram esse grande esquema em prática. A Eva roubou o meu corpo dos Patriotas e o reconstruiu repondo as partes que faltavam com os membros do Liquid e do Solidus.
E o Ocelot, de forma a enganar o Sistema, usou nanomachines e psicoterapia para implantar a personalidade do Liquid em si próprio. Ele usou sugestão hipnótica para se transformar numa espécie de hospedeiro mental do Liquid. Mesmo com todos os avanços em nanotecnologia, controle genético e controle da informação, nunca conseguiram manipular a vontade das pessoas, permitindo uma pessoa se transformar totalmente em outra. Dadas certas circunstâncias, pessoas podem realizar tarefas específicas... agir como outras. Os gatos... adoram brincar como cobras. Tudo começou com ele: o Zero. O Zero envelheceu e, no final, os Patriotas acabaram sendo controlados por uma rede sem forma.

Big Boss mostra à Snake um homem velho, sem cabelos, sentado numa cadeira de rodas, inconsciente, mantido por alguns aparelhos.

Snake: O que você quer dizer com "sem forma"?
Big Boss: As procurações que agiam em nome dele eram só uma parte de um vasto ciclo que ele criou. As corporações privadas e as instituições de pesquisa que abrangiam o complexo industrial militar eram parte dos Patriotas também. Operavam com dinheiro automaticamente distribuído pelas IAs sob contas mantidas pelos Patriotas. A rede cobria tudo desde pesquisa e desenvolvimento de armas e investimentos até produção e propaganda. Envolvia pessoas, companhias... até as leis que os protegiam. A política e a economia se tornaram nada mais do que interações do mesmo sistema uniforme opressivo. Acho que ninguém percebeu que tudo era controlado por um mero conjunto de normas. E os Patriotas eram essas normas, uma rede neural reduzida à sua forma mais básica. Era isso o que eles realmente representavam: uniformidade sem vontade individual, sem mudança. Mas um dia, essas normas de repente se desviaram do padrão e sofreram uma mutação. Foi o nascimento de uma nova forma de vida: o Sistema havia encontrado um novo jeito de se autopropagar: guerra. As normas que os Patriotas lapidaram por seu estado unificado rapidamente se tornaram dependentes de um único negócio: a economia da guerra. Ao mesmo tempo, a causa política de criar um "campo de batalha mais limpo, mais seguro" proveu um catalisador conveniente. Nesse tempo, o Sistema não era mais manipulado pela vontade do Zero - ou pela vontade de ninguém. Foram quando as normas - manifestadas pelas IAs, as herdeiras da vontade do Zero - começaram a se reproduzir e criar vida própria.
O intuito original do Zero era passar adiante a visão da Boss e estabelecer um estado unificado do mundo, um mundo que não fosse vazio. Mas as IAs sucessoras dele falharam em carregar sua vontade. Finalmente, o JD se tornou desenvolvido o bastante para propagar sua própria vontade como achava mais conveniente, e escolheu agir através da economia ao invés das nações. Suportado pelas revoluções industriais e digitais que vieram antes dele, essa IA deu luz a uma revolução econômica distorcida - uma revolução do campo de batalha. Criou um novo mundo sem essência. Nesse novo mundo, não havia ideologias, princípios e ideais... nem mesmo o que a Boss mais valorizava: lealdade. Só havia a economia da guerra. Foi um erro colossal de julgamento - um erro que o Zero não podia nem sequer imaginar. Com o sistema Americano colapsando, a sociedade dos Patriotas foi revertida a uma organização vazia. Esse homem foi a origem de tudo e nem consegue mais perceber. Não possui a menor consciência de que ele deixou o mundo em ruínas.
Snake: ...
Big Boss: Mesmo com tantas diferenças e entre nós... é engraçado... agora que estou realmente cara a cara com ele de novo... o ódio passou. Tudo o que eu sinto é um ansiedade enorme. E pena. O Zero realmente me odiava ou ele me temia? É tarde demais para perguntar agora. Os membros originais: a Paramédica, o Sigint, a Eva e o Ocelot... todos morreram. Só sobrou o Zero. Tudo tem seu começo. Mas não começa no "um", começa muito antes disso... no caos. O mundo nasce do zero. No momento que o zero se torna um é que o mundo ganha vida. Um se torna dois, dois se tornam dez... dez se tornam cem. Voltar ao um não resolve nada. Enquanto o zero ainda existir, um certamente vai chegar a cem novamente. Então, o nosso objetivo era eliminar o Zero. Mesmo os poderosos Patriotas começaram com um homem. Os desejos desse simples homem se tornaram enormes... maiores do que ele imaginava. A tecnologia absorvida começou a controlar a economia. Percebemos muito tarde que tínhamos criado um monstro. Ajudamos o Zero crescer até cem. Os erros dele eram nossos. Por essa razão, eu me dou permissão para mandar o Zero de volta ao nada.

Big Boss desliga os aparelhos da cadeira que mantinham Zero vivo e o velho homem começa a agonizar. Big Boss o segura de forma a aliviar seu sofrimento até que Zero finalmente morre.

Snake: Você vai voltar a nada também?
Big Boss: Você me matou duas vezes antes. Hoje... será a terceira. O FoxDie que o Zero plantou em você já começou a comer o meu corpo. A verdade é que o FoxDie em você foi o que matou a Eva e o Ocelot.
Snake: Do que está falando?
Big Boss: A Naomi... me contou tudo.
Snake: O que há de errado?

Big Boss começa a se sentir mal, como se começasse a ter um ataque cardíaco. Ele caminha em direção ao túmulo da Boss, onde estão as flores brancas que Snake observara um tempo atrás. Eventualmente, Snake o ajuda a levantar de suas quedas.

Big Boss: Eles conseguiram de novo. Usaram você pra me matar. Os Patriotas. Não, as IAs que agiam por eles... pra nos enterrar. No fim, não são mais do que um programa: continuam a repetir o mesmo padrão uma vez atrás da outra. Me faça um favor? Leve-me até ela.
Snake: ...
Big Boss: Havia mais uma coisa que a Naomi queria contar pra você sobre o velho FoxDie em seu corpo, o que mutou. O novo FoxDie dentro do seu corpo continua a se multiplicar. Ao mesmo tempo, está prevenindo o velho vírus mutante de se reproduzir. O novo FoxDie está enterrando o velho. A Naomi confirmou em seu artigo. Os mutantes estão regredindo. Não vai demorar muito para que eles desapareçam completamente.
Snake: Isso significa que o vírus que mutou não vai causar uma epidemia?
Big Boss: Só vão viver enquanto você viver. Mas mesmo assim, o processo vai se repetir de novo: o novo FoxDie também vai começar a mutar e se tornar uma ameaça. Mas isso só se você viver por muito tempo.
Snake: Eu vou morrer?
Big Boss: Todo mundo morre. Não dá pra evitar. Deixe-me falar uma coisa: não desperdice o tempo que lhe resta lutando. Eu nunca considerei você o meu filho, mas sempre o respeitei como soldado e como homem. Se você estivesse no meu lugar lá atrás, talvez você não tivesse cometido os mesmos erros que eu cometi. Desde o dia que eu matei a Boss, com minhas próprias mãos, eu... eu já tinha morrido. Boss, você estava certa: não se trata de mudar o mundo, mas de fazer o melhor para preservá-lo como ele é. Se trata de respeitar a vontade dos outros... e acreditar em si mesmo. Não foi por isso... que você lutou? Ao menos, eu entendi o significado por trás de tudo o que você fez. Ao menos, eu entendi a verdade por trás da sua coragem.

Big Boss, mesmo não mais agüentando ficar em pé, saúda a Boss em seu túmulo. Snake acende um cigarro para ele, já encostado no túmulo da Boss, falando com dificuldades.

Big Boss: Está quase na minha hora. E comigo se vão as últimas cinzas dessa guerra sem frutos. Finalmente, esses últimos demônios partiram. Uma vez que a origem do mal retorna ao zero, uma nova origem, um novo futuro pode nascer. Snake, esse novo mundo é seu... para viver. Não como uma cobra, mas como um homem. Saiba que eu, o Zero, o Liquid, o Solidus... todos lutamos em uma longa, sangrenta guerra pelas nossas liberdades. Lutamos para nos libertarmos de nações e sistemas e normas e eras... Mas não importa o quanto tentássemos, a única liberdade que encontramos foi dentro de nós, trancada dentro desses limites. Eu e a Boss escolhemos caminhos diferentes, mas, no fim, acabamos presos dentro da mesma gaiola: liberdade. Mas você... você ganhou a liberdade. A liberdade de viver fora... Você não é mais ferramenta nem brinquedo de ninguém. Você não é mais prisioneiro do destino. Você não é mais uma semente da guerra. É hora de enxergar o mundo exterior com seus próprios olhos. Seu corpo e sua alma são só seus. Nos esqueça. Viva. E encontre uma nova razão para a vida.
Snake: ...
Big Boss: Boss, você só precisava de um Cobra... não... o mundo é melhor sem Cobras.

Snake observa Big Boss fechar os olhos e o cigarro cair de sua boca...

Big Boss: Isso é bom... não é?


FIM


Otacon: Snake, espere! Você esqueceu isso!
Snake: Não, obrigado. Estou parando.
Otacon: Snake?!
Snake: Essas coisas matam.
Otacon: Onde você está indo? Nossa luta acabou... não sobrou nada pra fazer.
Snake: Não. Tem uma coisa que preciso fazer ainda. Preciso envelhecer... ver o que futuro vai nos trazer.
Otacon: Me parece bom. Eu vou com você.
Snake: Otacon, eu vou morrer logo... você não precisa vir.
Otacon: Tem razão, Snake. Não há nada que você possa passar para a nova geração. Genes, memes... você foi criado pelo homem... Você é um monstro!
Snake: Eu sei... uma rosa azul. Não vou ter um final feliz como "A Bela e a Fera". Vou passar o pouco tempo que me resta vivendo... como a Fera: uma sombra do que há por dentro... da velhice.
Otacon: Exatamente! Por isso que você precisa de mim! Como testemunha!
Snake: Testemunha?
Otacon: Sim. Alguém de fora para testemunhar seus dias finais. Alguém pra contar a sua história... não que eu seja a única testemunha, mas... vou me lembrar de tudo o que você foi... e acompanhar você até o fim.
Snake: Otacon...
Otacon: É claro que... você não me deixaria sofrendo com os ovos da Sunny sozinho, né?!
Sunny: Venham rápido! Estão prontos! Eles estão... hhhuuummm!!! Como se fossem o sol! Crescendo de novo!

sábado, 5 de maio de 2012

Quando ele vai voltar?

O Nômade está estacionado numa larga e extensa pista de aeroporto. Sua porta traseira está aberta e um enorme tapete vermelho cobre desde seu interior até a saída. Dentro dele, Mei Ling termina de arrumar a noiva Meryl fazendo um coque em seu cabelo, vestindo-a com um longo vestido branco sem ombreiras e com brincos em formato de balas. Pelo espelho que está voltado para a saída do Nômade, as duas observam a aproximação de Roy Campbell.

Mei Ling: Você está maravilhosa!
Campbell: Parabéns.
Meryl: Coronel.

Meryl vira de frente para Campbell e aponta sua pistola contra ele. Ele, respondendo ao gesto, segura o canhão da arma e o pulso de Meryl e os colocam contra seu próprio queixo. Meryl retira o pente de balas e abaixa a pistola. Ela ainda tem o olhar ressentido...

Meryl: Você... vai me levar por aquele corredor.
Campbell: Você não está mais brava?
Meryl: Ah, eu ainda estou chateada, mas agora... você tem a chance de me reconquistar.
Campbell: Tem razão. Temos muito tempo agora. Meryl... você está linda.

Mei Ling não contém o choro e entrega o buquê de rosas brancas a Campbell. Meryl e ele andam de mãos dadas até a saída do Nômade. Passando pela porta, são recepcionados por Otacon, Ed, Jonathan, Sunny e Mei Ling, que corre na frente dos dois para não perder a cena.

Ed: É agora! Você vai fazê-la muito feliz!
Johnny: Eu espero...

Todos os aplaudem enquanto Johnny permanece de costas para não ver a noiva. Assim que Johnny se vira, Campbell entrega a mão de Meryl a ele. Ed conduz a cerimônia.

Ed: Queridos! Estamos juntos aqui hoje para unir essas duas pessoas em matrimônio sagrado. Vamos saudá-los pela vida que em breve partilharão e rezar para que se amem eternamente. Agora, vamos mandar essa nova equipe para sua primeira missão.
Meryl: ...
Johnny: ...
Ed: Ei! Vamos, Johnny... você sabe...

Johnny, sem jeito e meio atrapalhado, segura as mãos de Meryl. No momento que seus lábios vão se encostar, todos se assustam com a chegada de Drebin em seu tanque, freando e derrapando pela pista quase atropelando todos.

Drebin: Bem a tempo!
Otacon: Drebin...
Drebin: E eu trouxe presentes! Uma chuva de flores! Cortesia do Drebins! E uma coisinha a mais ainda!

O tanque de Drebin muda de camuflagem, fica inteiramente branco e seu letreiro mostra as palavras "Drebins Flores". Ao abrir a porta traseira, uma chuva de pétalas brancas voa sobre todos na ocasião especial. Ele ainda estala os dedos e pombas brancas passam sobrevoando o local denotando paz. Enquanto todos se deslumbram com a visão que Drebin proporcionou, Sunny olha para um garotinho, morador do local, que passava com uma vara de pescar na mão. Os dois acenam um para o outro. Johnny também aproveita para finalmente beijar Meryl chamando a atenção de todos. Meryl, sorridente, resolve jogar o buquê de rosas para o alto, mas Mei Ling... o perde para o macaco de Drebin que pula na sua frente! Indignada, ele procura disfarçar e começa uma conversa com Otacon.

Mei Ling: Onde está o Snake?
Otacon: Sei lá... Esse cara sempre me deixa esperando...
Mei Ling: Sunny, vamos.

Otacon parece esconder alguma coisa. Mei Ling então chama Sunny para brincar e Campbell, ao olhar toda a cena, em paz, agradece Snake por finalmente alcançarem seus objetivos.

Campbell: Obrigado, Snake...


Ao mesmo tempo em que ocorre o casamento no aeroporto, num hospital, Rosemary, acompanhada de um pequeno garoto de cabelos loiros e arrepiados, vai visitar Jack. Ele já não tem mais um corpo mecânico. De costas, é possível perceber duas enormes cicatrizes que rasgam desde suas costas até os seus dois ombros. Felizmente, Jack teve seus braços de humano reimplantados com sucesso e se recupera das complicadas cirurgias. Mas ainda com a cabeça cheia de dúvidas, ele mal olha para Rose: só a vê através de um espelho na cabeceira de sua cama.

Rose: Jack, como está se sentindo? Se importa se eu sentar?
Raiden: ...
Rose: Jack, não me deixe falando sozinha. Você precisa me ouvir.
Raiden: O que você quer? Veio rir de mim?
Rose: Não! Olhe pra cá. Olhe para o menino.
Raiden: Lindo. Filho do Campbell?
Rose: Não, ele é seu!
Raiden: Eu não tenho filhos.
Rose: Ele é seu filho!
Raiden: Você disse que tinha perdido...
Rose: Eu menti... eu tive um menino lindo, saudável... o Roy só fingiu ser meu marido pra me proteger e... proteger nosso filho. Pelo menos até você completar sua missão. Para nos proteger dos olhos dos Patriotas.
Raiden: O quê?
Rose: Ele não contou nem para a Meryl. Sacrificou tudo, até a própria família... para nos proteger.
Raiden: Não consigo acreditar...
Rose: Me desculpe, Jack, eu queria ter contado...
Raiden: Então ele é meu filho de verdade?
Rose: John, você não vai dizer "oi"?
Raiden: Meu filho... John.
John: ...
Raiden: Com medo de mim, né? Não culpo você... tudo bem...
John: Não... não estou com medo... eu acho você legal! Parece herói de gibi!
Rose: John!
Raiden: Rose, cansei de fugir.
Rose: E eu não estou mais com medo.
Raiden: Nunca mais vou deixar você. Como no conto da Bela e a Fera.
Rose: Não fale assim... você não é um monstro, você é o meu marido. E o pai do John. E eu vou fazer o que puder para ser a mulher e a mãe que essa família merece.


Jack se esforça um pouco, mas abraça Rose e John. Enquanto isso, Snake está no mesmo cemitério onde conversava com Otacon sobre sua doença, em frente ao túmulo de Gray Fox, depois de estranhamente reparar sobre as flores brancas deixadas recentemente no túmulo ao lado. Ele acende um último cigarro e reflete sobre tudo.

Snake: A guerra mudou. A nossa era se passou. A nossa guerra acabou. Mas ainda há uma coisa a ser feita... Uma última punição que devo pagar. Apagar meus genes... Sumir com este meme da face da Terra. Esta... é minha última missão.

Snake então se ajoelha em frente ao túmulo de Gray Fox, pega uma pistola e a carrega com somente uma bala. Lentamente, ele volta o cano da arma para sua própria boca e segura o gatilho com os polegares... e um tiro ecoa em meio ao cantar dos pássaros...


No aeroporto, Otacon e Drebin conversam sentados em cadeiras à beira da pista. Drebin bebe um champanhe no gargalo e parece um pouco fora de si.

Drebin: Nada bate uma bebida mais forte, né?
Otacon: Não sabia que você bebia. Pensei que fosse só refrigerante.
Drebin: Não que eu esteja acostumado. Mas é que o refrigerante combinava melhor com os nanomachines... Os nanomachines quebravam o álcool antes de você ter a chance de ficar bêbado...
Otacon: Está explicado: não precisa mais se conter então...
Drebin: Exato! Bem, nem tudo são flores... Uma galera perdeu totalmente a noção da própria existência no momento que o SOP ficou offline.
Otacon: Está falando da Síndrome SOP? Ouvi dizer que muitos deles estão sofrendo abstinência...
Drebin: Pois é. O SOP mantinha muito mais do que o álcool sob controle. Os coitados ficaram completamente pelados agora...
Otacon: Ouvi dizer que mais de dez por cento tem apresentado sintomas. Estou começando a achar que se livrar dos Patriotas não vai resolver todos os problemas da noite pro dia.
Drebin: Acho que você provavelmente suspeitava disso, mas... eu não era um empregado da AT Security.
Otacon: Ãhn?
Drebin: Foram os Patriotas que me criaram para ser um lavador de armas.
Otacon: Os Patriotas?
Drebin: As minhas lembranças mais longínquas são do LRA (156)... Me seqüestraram e me forçaram a lutar.
Otacon: ...
Drebin: Sim, você está olhando para um cara que já foi guerreiro quando criança. Meus pais e meus irmãos foram todos mortos na guerra: o que vocês chamam de órfão de guerra.
Otacon: ...
Drebin: Depois disso, os Patriotas me pegaram e me trouxeram para a família de negócios. Eu era o Drebin 893, mas existia um monte de fantoches como eu ao redor do mundo. Como você acha que eu lavava as armas daquele jeito? Porque eles me permitiam. De fato, minhas ordens eram dar suporte a vocês desde o começo.
Otacon: Como é que é?!
Drebin: Calma, cara... Não leve para o pessoal. Eu não era o único sob as ordens deles...

Drebin sinaliza com a cabeça apontando para Meryl, Johnny, Ed e Jonathan.

Otacon: Ãhn? A Meryl e...
Drebin: Provavelmente, nunca perceberam também, mas... Rat Patrol Team 01... Voilá!

Drebin escreve com um giz no asfalto o nome "RAT PT 01" e, num passe de mágica, ao passar o seu lenço por cima das letras, elas são reorganizadas formando a palavra "PATR10T".

Otacon: Patriotas!
Drebin: Dançaram conforme a música...
Otacon: Mas... por quê?
Drebin: O plano do Liquid era uma ameaça óbvia aos Patriotas. Então, eles armaram para que vocês tomassem conta dele.
Otacon: Não saiu bem como planejaram, não?
Drebin: É, bem... acho que não esperavam que vocês quebrassem o Sistema e os eliminassem.
Otacon: E isso significa que você está desempregado agora?
Drebin: Está me tirando? Eu tenho o Drebins! E todos os Drebins do mundo estão bem! De agora em diante, cada um tem o seu negócio! Não somos mais comandados!
Otacon: Calma aí...
Drebin: A Casa Branca deve ter perdido seu gosto pelo unilateralismo... começou a reconstruir. Mas existe um monte de estados falidos por aí que quebraram por causa dos maus hábitos de suas PMCs... e elas possuem uma puta grana! Agora a única questão é: quem vai pagar a conta? Tenho certeza que esses novos governos vão tentar mantê-las sob controle com a reforma nas leis das PMCs, mas não vai ser o suficiente: eles afundaram por causa da economia da guerra. Podemos não ter uma nova ordem mundial, mas a velha ordem sob a economia da guerra se foi pra sempre. Eu acho que a ONU vai ser mais importante do que nunca, com o multilateralismo e tudo. Um certo presidente já disse durante a Guerra Fria: "É no desenvolvimento dessa organização que está a verdadeira alternativa contra a guerra." E, de novo, a ONU é uma velha relíquia como no século 20. Se pensar bem, quando você olha para a história... não é assim tão diferente dos Patriotas.
Otacon: É verdade: os nanomachines costumavam deixar você sóbrio... 
Drebin: Chocar. Misturar. Queimar. Repetir.
Sunny: Ei, tio Hal, posso dar o Mk.III pra ele?
Otacon: Ãhn?

Sunny corre para contar a Otacon sobre o menino para quem ela acenava alguns momentos atrás.

Sunny: Ele é meu novo amiguinho! E mora aqui perto. A gente não entende a língua do outro, mas está legal! Ele é meu primeiro amigo aqui fora...
Otacon: Mesmo? Que bom, Sunny...
Sunny: ...
Otacon: Tudo bem se você quiser viver fora do Nômade agora. É a sua vida. Existem outros paraísos pelo mundo.

Otacon, ainda um pouco receoso por se preocupar demais com ela, deixa a escolha de onde devem viver sob decisão da Sunny. Ela, pensativa sob as palavras de Otacon, começa a observar o pôr-do-sol.

Sunny: O sol está tão bonito.
Otacon: Sunny...
Sunny: Gostei daqui de fora.
Otacon: ... 
Sunny: Tio Hal, quando o Snake vai voltar?
Otacon: O Snake está doente... e viajou para um lugar onde vai melhorar.
Sunny: A gente não vai com ele?
Otacon: Não... ele precisa ir sozinho...
Sunny: Queria saber quando a gente vai vê-lo de novo.

Otacon, já sabendo da decisão do amigo e de que nunca mais vai vê-lo novamente, vira de costas para a Sunny, tira seus óculos e começa a chorar.

Otacon: O Snake... teve uma vida difícil... Ele precisa de um tempo para descansar...
Sunny: Você está... chorando, Tio Hal?
Otacon: Não... eu não estou chorando...

Otacon seca as lágrimas e coloca seus óculos de qualquer jeito. Ao virar para a Sunny novamente, ela acha graça dos óculos tortos e começa a rir dele. Otacon então devolve o sorriso e os dois observam o sol se por...

domingo, 29 de abril de 2012

FoxAlive


Otacon: Então esse é o GW. É igual a um cemitério aqui.
Snake: Otacon, você consegue?
Otacon: Deixe comigo.

A sala do GW é uma sala quadrada, cercada por telões em volta, com vários terminais no chão como se fossem lápides de um cemitério. Hologramas de flores decoram cada terminal. No meio, há um grande supercomputador central, o coração do GW. Snake vira de um lado para o outro no chão, mas não acha uma posição que conforte suas queimaduras. Ele injeta mais uma seringa. Otacon com o Mk.III vai até o painel do supercomputador e Snake rasteja para chegar ao centro também. As flores desaparecem enquanto eles passam. Otacon começa a instalar o vírus no supercomputador. Snake ouve um barulho que vêm das laterais da sala: escaravelhos invadem o local. Snake chuta-os para longe. Ele junta suas últimas forças e atira com sua M4 para todos os lados tentando evitar a aproximação das máquinas. Já não há mais o que fazer: Meryl e Johnny não possuem mais munição e estão cercados pelos soldados de Liquid. Da mesma forma, Raiden vai ser perfurado pelas espadas dos SAPOS. Duas unidades do Metal Gear Ray estão sobre o Missouri e os tripulantes são cercados por escaravelhos. Otacon está desesperado na frente do seu laptop comandando o Mk.III e Snake está coberto pelas máquinas que invadiram a sala do servidor do GW.

Snake: Otacoooooooonnnnn!
Otacon: Conseguimos!!!

Os soldados na frente de Raiden sofrem lapsos. Como nas margens do Rio Volta, eles sentem dores de cabeça e suas emoções tornam-se maiores do que o autocontrole. Os soldados que atacavam Meryl e Johnny também sofrem os mesmos sintomas. No Missouri, as unidades do Metal Gear Ray se paralisam, perdem o equilíbrio e caem no mar. Os escaravelhos que subiam as paredes do Missouri caem, os que estavam sobre Snake são desligados.

Johnny: Acabou!
Meryl: Conseguiram, Johnny!!!

Mei Ling, no Missouri, diz o nome do Snake como se estivesse vendo um milagre. Na sala do GW, Snake joga os escaravelhos que o cobriam para longe. Otacon nota ainda nota uma coisa estranha e inesperada acontecendo...

Otacon: Espere um minuto... o vírus está se espalhando...
Snake: ...
Otacon: E não está parando no GW... está removendo os outros clones? Não... Espere! Não dá pra acreditar!!! Naomi...
Snake: O que está acontecendo, Otacon?!
Otacon: ...
Snake: Otacon, o que é?!
Otacon: O vírus está apagando o JD!

Os telões em volta do GW se iluminam e iniciam a transmissão de um vídeo feito por Naomi.



Naomi: Snake, Hal. São vocês, não são?
Snake: ...
Otacon: ...
Naomi: Espero que estejam ouvindo. O vírus que vocês instalaram no GW está agindo como conduíte para aniquilar toda a rede de Inteligência Artificial. Está programado para destruir as quatro IAs junto com o JD, o coração que os mantinha unidos. Gravei esse vídeo para passar assim que todos fossem destruídos. Os Filhos Dos Patriotas eram só o começo. Os Patriotas planejavam usar nanomachines para implementar o Sistema em toda a população. Era minha obrigação pará-los... e contei com a ajuda da Sunny: ela acreditava que seus talentos poderiam desligar o GW. O que ela criou foi um FoxDie anti-IA. Mas o nome desse vírus é FoxAlive (153) . É conceitualmente o oposto dos nanomachines que eu criei anos atrás. Queríamos libertar as raposas capturadas... e deixá-las livres em seus ambientes naturais. Quando vocês estiverem vendo isso, acho que eu não vou mais estar aqui. É um sentimento estranho... deixar uma mensagem para ser entregue depois de morrer. Hal... se estiver ouvindo...
Otacon: Naomi...
Naomi: Me desculpe... me desculpe por fazer você acreditar numa mentira. Doeu mais em mim do que em qualquer pessoa mentir pra você como menti. Eu queria pedir desculpas antes, mas nunca tive chance.
Otacon: Naomi...
Naomi: No fim... foi você quem me fez sentir alegria em viver. Obrigada, Hal. Obrigada.
Otacon: Naomi....

Naomi estende sua mão até a câmera e Otacon também toca a tela de seu laptop. Suas lágrimas caem na tela e ele abraça seu computador tão forte como se estivesse a abraçando.

Naomi: Snake... está me ouvindo? A nossa nação é uma criança inocente mais uma vez. Um novo amanhecer vai nascer e ela vai poder construir um novo destino. Snake, chegou a hora... você vai poder descansar. As pétalas das rosas estão pra cair (154)...

No Nômade, Sunny vê uma pétala de sua rosa azul cair no chão. Dentro do Haven, Snake, estirado no chão, passa mal, treme e acaba por perder a consciência...

Otacon: Snake... Snake?! Snake!!!

Mais tarde, do Missouri, Mei Ling dá ordem aos soldados do Haven que ainda resistem sem ter noção do que aconteceu. Snake vê a imagem borrada e destorcida de Otacon.

Mei Ling: Parem com isso! Parem com essa luta sem sentido! Isso não é uma guerra!
Otacon: Snake...espere aqui. Vou buscar um médico.

Snake está do lado de fora do Outer Haven durante o pôr do sol. O Missouri está a uma certa distância com dois helicópteros o sobrevoando. Snake, ainda confuso, sem consciência vê Liquid Ocelot se aproximar dele. Ele acorda na parte mais alta do Outer Haven. Liquid Ocelot observa o oceano.

Liquid Ocelot: Que brilhante, Snake. Veja, a guerra terminou.
Snake: Por quê? Você tinha como nos impedir?
Liquid Ocelot: Impedir vocês? Por que eu faria isso? Acabou do jeito que eu esperava que acabasse.
Snake: ...
Liquid Ocelot: Lá trás, na época do nosso pai, antes do Zero fundar os Patriotas, os Estados Unidos, a China e a União Soviética formaram um pacto secreto. A organização que criaram era chamada de Filósofos. Por duas guerras mundiais, disseminaram suas idéias e expandiram seu alcance. Depois disso, os Filósofos se dividiram e facções começaram a perseguir a fortuna que juntaram: chamavam esse dinheiro de "Legado dos Filósofos", que depois proveria recursos para os Patriotas criados pelo Zero. Ele procurou usar a riqueza para alcançar o domínio do mundo. O nosso pai, Big Boss, procurou se libertar desse poder absoluto. Seu sonho era criar um exército de cidadãos livres, que não respondesse a nenhum governo: Outer Heaven. Mas ele não conseguiu por sua culpa. Nove anos atrás, eu tentei nos libertar do controle genético. Quatro anos atrás, nosso irmão que já morreu, Solidus, tentou nos libertar do controle dos memes (155) dos Patriotas. Tudo o que aconteceu não foi nada além de um processo de tentativa e erro... o resultado disso foi o Outer Haven, para nos libertar dos Filhos dos Patriotas, a forma definitiva de controle externo imposto aos soldados dos Patriotas. Livre do FoxDie, livre do Sistema, livre do controle por ID. Nossas mentes livres das prisões deles. Era o paraíso que eu desejava.

Liquid Ocelot injeta uma seringa em Snake.

Liquid Ocelot: É isso, irmão. Nosso momento final. A luta terminou... mas ainda não estamos livres. A guerra acabou... mas ainda temos uma dívida a acertar. Mostre porque está aqui, Snake!

Liquid tira seu casaco e os dois começam a lutar como animais, mas nenhum possui muito mais força para continuar. Liquid Ocelot cai de costas no chão e Snake chega perto para ouvir suas últimas palavras.

Liquid Ocelot: Esse é só o começo, Snake. Os Estados Unidos vão entrar em caos. Vai ser tudo como no Velho Oeste de novo. Sem leis, sem ordem. O fogo vai se espalhar pelo mundo, as pessoas vão guerrear... e através das batalhas, vão conhecer a plenitude da vida. Ao menos, o desejo do nosso pai, Outer Heaven, foi alcançado. Em algum lugar, eu sei que ele está rindo. Somos bestas criadas pelo homem. Até as luzes se apagarem, as sombras não vão desaparecer. Enquanto houver luz, as sombras não farão o bem.

Liquid Ocelot parece sofrer um ataque cardíaco. Nessa hora, a personalidade de Revolver Ocelot se revela.

Ocelot: Eu sou quem o Liquid assombrava... e o Big Boss é quem assombra você... Bem como o seu pai: você é muito bom.

Ocelot aponta da mesma forma para Snake como já apontou para o Big Boss quando o conheceu em 1964. Suas mãos caem e ele fecha os olhos. Liquid Snake e Revolver Ocelot morrem na frente de Snake, que demonstra o olhar de remorso. Um helicóptero sobrevoa a parte mais alta do Outer Haven.

Otacon: Snake!

Mais tarde, os soldados do Missouri ajudam a retirar as tropas do Haven com botes salva-vidas.

Otacon: O programa da Sunny destruiu o cérebro do JD, mas deixou a estrutura intacta. Ela analisou a caixa preta da Naomi e separou o sistema de controle dos Patriotas das necessidades vitais da sociedade. Água, ar, eletricidade, alimentação, saúde, comunicação, transporte... Ela cortou o controle dos Patriotas preservando a civilização moderna. Talvez tenha sido a sua própria forma de se vingar pela morte da Olga, sua mãe. Ou talvez tenha sido sua vontade de moldar o futuro com seus ideais. Ou talvez ainda, tenha sido uma grande desfragmentação... FoxAlive: a Inteligência Artificial é algo vivo, de verdade. O reinado dos Patriotas deixou de existir. E nossa civilização, uma civilização que prosperou pela guerra desde o início dos tempos, ainda vive. Fico pensando se fizemos a coisa certa. Naomi... o que perdemos? O que preservamos?

sábado, 28 de abril de 2012

A última esperança

Ao sair do elevador, Snake entra numa enorme sala de conferências circular. Tudo de mais tecnológico é encontrado nela. Em seu perímetro, estão organizados os lugares, todos com computadores pessoais voltados para a área central. No meio da sala, existe um grande e bonito holograma de um globo que gira simulando o planeta Terra de verdade. Perto desse holograma, Snake reconhece Meryl, caída no chão desacordada. Antes que ele possa ver o que aconteceu, uma tropa de SAPOS entra na sala e Snake precisa matá-los antes. Ele a acorda e, em seguida, seu corpo se levanta devagar de forma irregular: ela não age por vontade própria e alguém controla as ações de seu corpo.

Meryl: Snake...
Snake: Meryl!
Meryl: Snake, corra!
Screaming Mantis: Eu sei seu comprimento de onda, me traz memórias do passado.
Snake: Não pode ser!

A criatura cibernética segura do seu lado direito um boneco de Psycho Mantis e do seu lado esquerdo um de The Sorrow. Através deles, Screaming Mantis parece controlar Meryl. Snake fica confuso pensando quem pode estar por baixo do traje mecânico. A sensação de intriga não chega a passar, porém, a sensação de urgência se torna maior: Meryl aponta a arma para a própria cabeça. Um tiro então acerta um dos bonecos de Screaming Mantis. É Johnny que entra para ajudar. Subitamente, os SAPOS mortos também parecem entrar sob controle de Screaming Mantis e atiram em Johnny e em Meryl, que caem desacordados, salvos por seus coletes. Snake, mesmo impressionado, abate os SAPOS novamente.

Screaming Mantis: Há quanto tempo, Snake.
Snake: Psycho Mantis?
Screaming Mantis: Não, aquele era outro eu.
Snake: ...
Screaming Mantis: Consegue ouvir os gritos? Eles imploram por lutas! Me deixe ouvir o seu grito! Uive! Urre! Do fundo da sua alma!

Screaming Mantis tenta controlar Johnny através de suas "armas" sem sucesso.

Screaming Mantis: O que é isso?!
Snake: ...
Screaming Mantis: Hummm... entendi.
Otacon: Mesmo se a Meryl tentar algo para cima de você, Snake, ela não está agindo por vontade própria. Tente desmaiá-la, mas sem machucá-la!

Screaming Mantis levanta Meryl com seus poderes telecinéticos novamente. Snake, suspeitando que o controle venha por causa dos nanomachines do corpo de Meryl, aplica uma injeção nela, que cai na hora desacordada com seus nanomachines suprimidos por um tempo. Feito isso, Snake atira freneticamente nos bonecos de Screaming Mantis, até caírem. Snake os usa para controlar a já impotente Mantis, ferindo-a por dentro de sua armadura. Assim que a mulher cai de dentro dela, começa a gritar e chorar de desespero.

Screaming Mantis: Eu ouço os gritos na minha cabeça!!!
Snake: ...
Screaming Mantis: Façam-nos parar! Eu não quero ouvir mais! Estou com medo... estou com tanto medo...
Snake: ...
Screaming Mantis: Como minha cabeça dói! Como dói! Eu sinto muito!!! Tenham piedade!!!
Snake: ...
Screaming Mantis: Me tirem daqui! Não consigo respirar!

A mulher grita, pula e bate numa porta imaginária, mas logo senta no chão e desiste. Ao olhar para Snake, resolve caminhar na direção dele.

Screaming Mantis: Agora, me tire do meu corpo. Me perdoe, me liberte...

Snake, para evitar maiores problemas com a mulher de comportamento esquizofrênico, a desmaia. Ela se ajeita para uma posição fetal. Uma imagem de Psycho Mantis aparece para atormentá-lo, mas logo vai embora. Ainda sem entender, ele atende um chamado de Drebin.

Drebin: Então, você acabou com a última Fera. Os bonecos que você pegou podem manipular quem possui nanomachines... Se você me perguntar o que acho disso, diria que soa como coisa do demo, cara...
Snake: ...
Drebin: A Mantis veio da América do Sul. Nasceu e cresceu rodeada de intermináveis guerras civis. A vila dela foi atacada por forças inimigas e destruída quando ainda era criancinha. Foi separada da família pelos esquadrões inimigos. Mal conseguiu escapar viva e acabou no porão de um prédio onde jogavam os corpos dos mortos, quase todos torturados até a morte. Ela ficou tomada pelo medo. Foi quando começou a ouvir os passos fortes no andar de cima seguidos de gritos desesperados, daqueles que arrepiam desde a espinha até os fios de cabelo. Ela foi parar perto de uma câmara de tortura improvisada. Alguém trancou a porta e não tinha como sair. Estava escuro, úmido... e com um cheiro de podre insuportável. Não conseguia dormir por causa dos gritos das vítimas em volta. Tudo o que conseguiu foi se encolher em um canto, tremendo. Uma semana se passou... dez dias... Ela se manteve hidratada tomando a água das poças que tinham no chão, mas não comia nada. Saiu com diversos problemas mentais por ficar presa nesse lugar nas condições que ficou. Você sabia que a louva-a-deus fêmea come seu parceiro? Os gritos continuavam durante o dia e a noite. Mesmo tampando os ouvidos não adiantava. Até que uma pequena louva-a-deus negra a salvou... a ensinando a bloquear os gritos, a desligar seus ouvidos...
Snake: Que porra é essa que você está falando?
Drebin: Estou falando, Snake, que ela não conseguiu mais agüentar a fome e começou a comer os corpos... mas só dos homens, sem perceber que estava fazendo isso. Na mente dela, era uma louva-a-deus fêmea devorando seus parceiros. Era como se fosse um grande sonho distorcido: não havia louva-a-deus nenhuma, era tudo alucinação. Nada mais que uma história cuspida por outra pessoa que ela mesma criou. Sua mente instável foi o que a tornou vulnerável. Depois arrancaram o que sobrou da psique dela com drogas e com hipnose e implantaram a personalidade do Psycho Mantis. Não era ela quem controlava as B&Fs. Era o Psycho Mantis, meio assimilado em sua mente, puxando as cordas. A Screaming Mantis era só mais um fantoche. De qualquer forma, ela sobreviveu muitas semanas naquele buraco até finalmente voltar à superfície. Mas os gritos em sua mente não pararam. E ficariam pra sempre... só que, dessa vez, não eram reais. Os bloqueios já não funcionavam mais, a louva-a-deus negra desapareceu... E por isso ela gritava: pra afogar os gritos da própria mente. Mas acabou. Você a libertou do pesadelo.
Snake: A última das Feras.
Drebin: Exato, mano. Bem, já cansei de contar historinhas... Agora ande. O GW está esperando. E, dessa vez, você não pode falhar.

Snake vai checar se Meryl está bem. Ele a acorda e parece normal.

Snake: Meryl!
Meryl: Snake... Cadê o Johnny?

Enquanto Snake e Meryl tentam achar Johnny, mais uma tropa de SAPOS invade a sala. Meryl atira em dois soldados e segue com Snake para a entrada do corredor que leva ao GW. Ela atira em mais um soldado que se aproxima pelas escadas. Antes dessa entrada, existem dois muros, um de cada lado da porta. Eles se escondem ali enquanto conversam.

Meryl: Estão entrando. Vá sem mim!
Snake: ...
Meryl: Vá. Destrua o GW enquanto há tempo. Enquanto ainda estou viva.
Snake: Meryl...
Meryl: Snake, o corredor à frente é composto de microondas.
Snake: É... Não tem jeito de passar sem cozinhar.

Meryl chora enquanto fala com Snake.

Snake: Eu... sinto muito ter arrastado você pra tudo isso.
Meryl: Dessa vez, eu protejo você. Nos encontramos de novo... do outro lado...
Snake: ...
Meryl: Vá. Corra!

Snake entra pela porta e Meryl sai de trás do muro para atirar nos soldados. Ela fica quase sem munição, mas as tropas continuam a avançar cada vez mais rápido em sua direção. Enquanto isso, Snake avança pelos imensos corredores para chegar à sala cheia de microondas. Em sua cabeça, os pensamentos se confundem entre momentos de sua vida, de seu destino e de sua missão final.

Otacon: Já chega, Snake. Você não vai agüentar...
Snake: Não se trata de ganhar ou perder. Eu... não, nós começamos com isso. E é nosso dever terminar.
Mei Ling: "...a fala dos que se acham no transe de morrer a atenção força qual profunda harmonia. Quando poucas são as palavras, raramente ficam desperdiçadas."
Otacon: Por que não deixa outra pessoa ir? Você não precisa...
Snake: E é nosso dever terminar.
Raiden: Eu não tenho nada a perder.
Snake: Você era o raio e o trovão daquela chuva. Você ainda brilha na escuridão.
Meryl: Vá. Corra!
Snake: Eu... sinto muito ter arrastado você pra tudo isso.
Meryl: Nos encontramos de novo... do outro lado...
Campbell: Está na hora... de cumprir sua missão. Se falharmos, a raça humana vai se afundar em destruição.
Meryl: Vá.

Meryl continua derrubando os SAPOS que chegam de todos os lados.

Meryl: Último cartucho... vamos, Snake! Não vou agüentar muito tempo!

Ela troca o cartucho para o último, mas percebe que só resta uma bala e se desespera. Ela atira no soldado que está mais perto e sente que vai ser baleada.

Meryl: Droga, não consigo proteger ninguém! Não agüento...
Johnny: Meryl!
Meryl: Johnny! Você está bem!!!

Johnny a surpreende e atira nos soldados que estavam quase a rodeando. Ele corre para se juntar a ela e espalha muita munição pelo chão.

Johnny: Aqui.
Meryl: Tentando se desculpar pelo atraso?
Johnny: Meryl, nunca vou deixar você sozinha de novo.

Meryl: ...
Johnny: ...
Meryl: Pra trás!
Johnny: Limpo!
Meryl: Agora!

Meryl sorri ao ouvir as doces palavras de Johnny. Os dois carregam suas armas atrás dos muros, Johnny analisa a posição das tropas e os dois voltam a atirar.

Meryl: Quem precisa de nanomachines, não é Johnny?
Johnny: ...
Meryl: Me diga uma coisa: como a Mantis não conseguiu controlar você?
Johnny: Imaginei que provavelmente ela estava usando os seus nanamochines para controlar o seu comportamento. Sem nanomachines, não tem como controlar.
Meryl: Mas você não...?
Johnny: Não. Eu não tenho nanomachines. Toda vez que tinha injeções obrigatórias, eu burlava.
Meryl: Não me diga que você sabia que isso ia acontecer!
Johnny: Nem... eu só odeio agulha!
Meryl: Então é por isso que você nunca estava sincronizado com o time!
Johnny: Eu tentava manter os dados de todos atualizados no meu equipamento, mas nunca conseguia.
Meryl: E por isso você não foi afetado na Europa... no Volta!
Johnny: Isso.
Meryl: Cuzão!
Johnny: ...
Meryl: Johnny, estou sem munição.
Johnny: Não se preocupe. Peguei isso com o Drebin.

Os dois revezam-se atrás de cada lado do muro para sempre terem munição disponível. O tiroteio continua.

Meryl: Johnny, eu não sabia... e tudo de ruim que eu falava...
Johnny: Esqueça.
Meryl: Todas as dores de barriga... Tudo porque os nanomachines não suprimiam?
Johnny: Sim.
Meryl: Mas se tinha medo de injeção, por que se juntou à minha equipe?
Johnny: Queria ficar perto de você, proteger você.
Meryl: Johnny?
Johnny: Meryl, eu sempre amei você. Desde Shadow Moses, quando vi você pela primeira vez.
Meryl: ...
Johnny: Meryl, case comigo?
Meryl: Você tem uma péssima noção de tempo!
Johnny: O que disse?

Meryl vai para trás do mesmo muro que Johnny está. E continuam atirando nos soldados do Liquid.

Meryl: Tenho que dizer... não.
Johnny: Prefere ficar solteira? Tudo bem, não precisamos oficializar...
Meryl: Não.
Johnny: Bem, que tal morarmos juntos então?
Meryl: Não.
Johnny: Por quê? Algo de errado comigo?
Meryl: Não. Só prefiro fazer as coisas do meu jeito.

Nessa hora, Meryl pára de atirar e os dois se escondem. Com um ar intimidador, ela encosta Johnny na parede assustando-o.

Meryl: Johnny... case comigo.
Johnny: Ãhn?
Meryl: Vou repetir: case comigo!
Johnny: Claro... o prazer vai ser todo meu...

Os dois voltam a abrir fogo.

Meryl: Ei! E nem pense em me passar a perna.
Johnny: Não me atreveria.
Meryl: E eu quero um casamento de verdade! Com flores e bolo! É meu desejo desde menina...
Johnny: Claro.
Meryl: Eu quero ser uma noiva... cuide de mim, Johnny.

Os dois se beijam. E voltam a atirar... Snake chega à entrada da sala de microondas. Antes de entrar, ele tem um lapso e usa uma seringa, sem efeito. Caído no chão já em desespero, ele usa outra, mas não melhora em nada. Através do Mk.III, Otacon fala com ele. As tropas de Liquid também invadem essa sala. 

Otacon: Snake?
Snake: Otacon... as injeções... não estão funcionando.
Otacon: Vamos! Levante-se! De pé, Snake!
Snake: Raiden...
Raiden: Eu sou a luz... A chuva transformada.

Snake percebe Raiden chegando à entrada da sala logo atrás dele. Raiden está vestido com uma capa preta enorme. Tragicamente, ele já não possui mais braços. É triste vê-lo segurar a espada somente com a boca. Ao ativar algo em seu corpo, dois raios queimam os soldados de Liquid que estão mais perto. Os outros recuam ao ver o poder de Raiden. Snake se recupera parcialmente voltando a andar.

Raiden: Snake... Deixe isso comigo. Eu vou à sala do servidor.
Snake: O corredor possui microondas, um de nós é o suficiente.
Raiden: Meu corpo é uma máquina, eu agüento.
Snake: Seu corpo pode ser uma máquina... mas o seu coração é humano. Você tem que voltar para a sua vida.
Raiden: Ela não significa mais nada pra mim.
Snake: Raiden, olhe pra mim. Você ainda tem sua juventude. Não a desperdice. Você pode recomeçar. Daqui pra frente, a luta é minha. Eu... nós partimos o mundo... fizemos da sua vida um inferno. É meu dever colocar um ponto final nisso.
Raiden: Tudo bem. Vou garantir que eles não entrem.


Snake entra na sala de microondas e Raiden fica para não deixar que os SAPOS avancem.



Otacon: Fique comigo, Snake. Agüente até inserirmos o vírus.
Snake: Tranque por dentro.
Otacon: Fechado.
Raiden: Obrigado... Snake.
Otacon: Snake, o lugar é saturado de microondas. Quanto mais ficar aqui, mais vai se queimar. Ande o mais rápido possível!

Snake vai andando como dá pela sala. O ar quente é insuportável já na entrada do extenso corredor que emite microondas. Snake mal consegue andar por causa do cansaço e do calor. As partes de borracha do seu traje estouram e as partes de metal ficam incandescentes. Snake sente muitas dores enquanto sua pele começa a queimar. Já sem forças, ele cai no chão sem mais conseguir caminhar e se arrasta. Otacon, através do Mk.III, tenta mantê-lo acordado e seguindo em frente. Nesse mesmo momento, o Missouri é atacado por unidades do Metal Gear Ray que saem do Outer Haven e emergem do mar para cima do navio. Johnny e Meryl já não conseguem mais conter o exército de Liquid, cansados, sem munição e com tiros de raspão. Raiden já não é mais páreo para a quantidade de soldados que enfrenta sozinho, sem os braços, sem a espada na boca e seriamente ferido, tendo seu corpo atravessado pelas espadas dos soldados. O canhão elétrico para o lançamento da bomba nuclear está praticamente posicionado. No Nômade, Sunny, sem ter noção do que acontece, pula de felicidade ao ver que não queimou mais os ovos enquanto cozinhava. Snake, atravessa a porta que delimita a sala do servidor GW e a sala de microondas. Sua roupa quase já não existe. Ele vomita e cai no chão, com seu corpo seriamente queimado...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

De que lado ela estava afinal?


Numa sala escura, Mei Ling mostra uma imagem de satélite de Outer Haven. Através do Mk.III, Otacon comanda um projetor. Snake está fazendo inalação e não pára de tossir.

Mei Ling: O Haven viaja em direção ao sul pelo Pacífico numa velocidade de 33 nós. O Missouri fica para trás numa taxa de duas milhas náuticas (149) a cada hora.
Otacon: Essa coisa não vai mais rápido?
Mei Ling: Não, estamos o mais rápido que podemos. O alvo do Liquid é o JD, um satélite militar americano disfarçado de lixo orbital. O Haven vai precisar subir para a superfície para usar o canhão elétrico.
Johnny: Se descobrirmos a órbita do JD, poderemos prever onde o Haven vai subir.
Mei Ling: O JD está em órbita elíptica síncrona... Então, deve atingir o apogeu em...
Johnny: ...15 horas, 6 minutos e... 12 segundos.
Mei Ling: Isso!

Mei Ling derruba o bastão com o qual aponta para a projeção e Johnny fica olhando. Meryl olha desaprovando sua atitude.

Mei Ling: Em 15 horas, vai estar sobre o Mar Bering... a 494 milhas náuticas do Estreito de Bering. O Liquid sabe disso também, então vai estar em posição nessa região.
Meryl: Eles realmente precisam chegar tão perto para lançar?
Otacon: As ogivas lançadas pelo canhão elétrico do Rex têm um raio de ação de aproximadamente 300 metros. O alvo é um satélite em movimento que viaja a 10 quilômetros por segundo. Para alcançarem um nível de precisão confiável, é necessário chegar o mais perto possível.
Mei Ling: O Liquid não vai lançar uma ogiva até que o JD atinja o perigeu. O Missouri pode usar esse tempo para alcançá-lo.
Meryl: E vamos conseguir alcançar?
Mei Ling: Assim que o Haven parar de se mover, leva uma hora para nos aproximarmos. Depois disso, o Missouri precisa atacar antes que os preparativos do Haven para o lançamento estejam finalizados. Esse navio não possui mais a maioria dos seus equipamentos... e nenhum recurso eletrônico de guerra. Não tem radar nem armas mais modernas. Vamos ter que confiar nos nossos olhos para rastrear o inimigo. Do ponto de vista do Haven, para usar o canhão elétrico montado sobre a ponte, será preciso abrir a cobertura. Vai ser a nossa única chance de entrar.
Meryl: Entrar? Por que não podemos atacar daqui?
Otacon: Não adiantaria. Enquanto o Liquid controlar o Sistema, destruir fisicamente o GW ainda deixaria a autoridade suprema nas mãos dele... nos Filhos dos Patriotas.
Mei Ling: Sim, o Dr. Emmerich tem razão. Por isso precisamos destruir o GW de dentro antes de atacar o próprio Haven.
Snake: A Estrela da Morte (150) pessoal do Liquid...
Mei Ling: Certo pessoal, aqui está o plano: todos sabemos que o Haven vai subir para a superfície para ativar o canhão elétrico. Quando isso acontecer, o Missouri vai avistá-lo. Nos aproximaremos rapidamente e mandaremos uma equipe de ataque. São dois nossos objetivos: impedir o lançamento da ogiva nuclear e destruir a programação do GW. O inimigo depende totalmente de meios eletrônicos de detecção de ameaça... então eles não conseguirão ver o Missouri até a hora de emergir. Lançaremos a equipe de ataque das catapultas no momento exato que a cobertura do Haven se abrir. A equipe deve penetrar no servidor físico do GW e infectá-lo com um vírus.
Johnny: Mas e se desligarem o GW antes de entrarmos?
Mei Ling: O Liquid já se estabeleceu dentro da rede dos Patriotas. Ele precisa se manter lá ou destruir o JD não vai adiantar nada. Ele não pode deixar o GW ser desligado.
Meryl: Mas não vamos nos esquecer: o Liquid vai usar o que puder para parar a equipe de ataque.
Mei Ling: Exato. O corredor que leva ao GW é protegido por armas de energia dirigida que emitem certos tipos de microondas.
Johnny: Você disse... microondas?
Mei Ling: Isso mesmo. E na freqüência que emitem, as ondas vão evaporar qualquer pessoa dentro daquela área.
Snake: Um forno de microondas gigante... É preciso ter um desejo mortal de entrar lá... Parece o trabalho perfeito pra mim...
Meryl: Snake, não é hora pras suas piadas estúpidas!
Mei Ling: Fora desse corredor, os soldados do Liquid vão atacar com força máxima. Dentro, existem armas mecânicas esperando por nós.
Snake: Onde você conseguiu todas essas informações? Você realmente acha que existe um meio de destruir o GW?
Mei Ling: Sim, eu acho. Ela... nos deixou pistas que nos apontam para a direção certa.
Otacon: A Naomi contribuiu com os preparativos para parar o lançamento do Haven.
Snake: A Naomi?
Otacon: Todos os dados de dentro do Haven vieram dela. A principal razão pela qual ela entrou no Nômade conosco foi para entrar em contato comigo, mas ela acabou deixando isso com a Sunny.
Snake: Como assim?
Otacon: Ela deixou o plano nas mãos da Sunny.
Mei Ling: Essa operação inteira é baseada nos dados que ela nos deixou.
Snake: De que lado ela estava afinal?
Otacon: Nunca vamos descobrir suas verdadeiras intenções... Mas uma coisa era certa: ela estava determinada em parar o Liquid.


O projetor se apaga e as luzes da sala se acendem.

Meryl: Vamos, galera... alguém diga algo positivo. Qualquer coisa.
Mei Ling: Atenção! Ouçam! Um sábio escreveu uma vez: "...a fala dos que se acham no transe de morrer a atenção força qual profunda harmonia. Quando poucas são as palavras, raramente ficam desperdiçadas." (151)
Meryl: ...
Johnny: ...
Otacon: ...
Snake: ...
Mei Ling: Alguma outra pergunta?
Snake: Eu...
Mei Ling: Sim. Snake.
Snake: Alguém tem um cigarro?
Meryl: Ai... Snake...

Após um tempo, na mesma sala, conversam a sós Snake e Otacon. Snake pega um cigarro de seu maço e percebe que só falta um para acabar. Otacon, apesar de contrariado, acende para Snake.

Snake: Então... está me contando que a Sunny escreveu esse programa?
Otacon: Na verdade, mais ou menos um terço é trabalho dela. A Naomi estava trabalhando num programa para destruir o GW, mas não conseguiu terminar. Então ela o entregou para a Sunny. A Sunny foi procurar na minha biblioteca se havia um código fonte que ela pudesse usar para completá-lo. Até encontrar uma coisa: o vírus da Emma. Ela pegou o código da minha irmã e o adaptou para o programa da Naomi. Eu não tive tempo de olhar linha por linha, mas, pelo o que vi, me lembrou o da Emma, como se minha irmã tivesse deixado rastros dela nessa estrutura... Mas o vírus que a Sunny criou é ainda melhor que o da Emma. O vírus da Sunny destrói o intelecto da IA iniciando o processo de apoptose nas células. Uma vez instalado no GW, deve causar um dano real.

Snake, dá a primeira tragada no cigarro e começa a tossir freneticamente, mal se agüenta em pé. Logo após passar mal, Snake está prestes a ter um lapso quando injeta uma seringa em si mesmo para melhorar rapidamente.

Otacon: Snake, já pensou em parar de fumar?
Snake: Por quê? Eu não tenho saúde pra me preocupar mesmo...
Otacon: O que está tentando fazer? Se matar? Se estiver, está perto de conseguir indo para o Haven... Por que não deixa outra pessoa ir? Você não precisa...
Snake: Eu ainda tenho coisas a fazer... além de fumar.

Snake começa a tossir de novo. Otacon anda até ele e tira o cigarro e cinzeiro de sua mão.

Snake: Otacon. Por que não pula do navio comigo?
Otacon: Acho que não. Eu também tenho coisas a fazer. E eu nem fumo...

O Missouri avança para o sul em sua velocidade máxima. Na sala de comando, Mei Ling dá as ordens.



Marinheiro 1: Capitã, navio inimigo a 300 metros, ainda emergindo.
Mei Ling: Como estão os motores?
Marinheiro 2: Sem problemas a serem reportados.
Mei Ling: Preparem-se para atingir velocidade máxima. E preparem a equipe de ataque para lançamento imediato.
Marinheiro 1: Aye aye (152), capitã.

Um dos marinheiros saúda Mei Ling e deixa a sala.

Mei Ling: Quanto tempo temos até o Haven subir à superfície?
Marinheiro 2: Por volta de 20 minutos.
Mei Ling: Conforme o programado. Quando ele emergir e abrir sua cobertura, moveremos de acordo com o planejado.
Marinheiro 2: Aye, capitã.

O outro marinheiro está prestes a sair da sala, mas vira-se de volta à Mei Ling.

Marinheiro 2: Capitã?
Mei Ling: Sim?
Marinheiro 2: Essa é primeira vez que sirvo de verdade.
Mei Ling: Eu entendo. Qual o seu ponto?
Marinheiro 2: No começo, ser escolhido para esse navio foi uma grande decepção para mim. Mas a falta de ação foi meio que um alívio também. Capitã, estou com medo.
Mei Ling: Tudo bem, eu também estou com medo. Essa também é minha primeira vez. Mas eu não vou deixar isso me parar porque tenho mais medo do que pode acontecer se eu sair daqui. Ninguém vai morrer enquanto eu estiver no comando. Esse navio vai voltar ao Havaí em segurança. Eu prometo.
Marinheiro 2: Está certo. Obrigado.

Mei Ling e o marinheiro se saúdam e ele deixa a sala. Snake, Otacon, Meryl e Johnny caminham em direção às catapultas do convés. 

Snake: E o Raiden, como ele está?
Otacon: Ele vai sobreviver, mas não está em condição de lutar. Melhor deixá-lo descansar.
Snake: Certo.
Otacon: Todos estão se descabelando sem a proteção do Sistema. Dizem que os efeitos tardios do SOP são tão ruins que muitos soldados estão desertando.
Snake: As únicas pessoas que ainda podemos confiar são na Meryl e... nele...
Otacon: Qualquer coisa que ele faça já estaremos no lucro, não?

Meryl e Johnny conversam caminhando um pouco à frente de Otacon e Snake. Johnny dá um tapinha da bunda de Meryl e ela o repreende ferozmente.

Drebin: Eu consegui uma M82 sem ID para ele.

Snake e Otacon olham em volta para achar de onde vem a voz do Drebin. Snake olha para cima e vê Drebin sentado num dos canhões do Missouri abrindo uma lata de refrigerante.

Drebin: Que legal encontrá-los por aqui.
Snake: O que você está fazendo aqui?
Drebin: Eu lavei as armas desses caras e os dei novas armas sem identificação... Incluindo aquelas catapultas que vocês vão entrar. O negócio está devagar depois que o Liquid colocou as mãos no Sistema... ele parou de dar ordens extras. Agora que todas as armas ao redor do mundo estão travadas, os únicos procurando briga são vocês. Dizem que não é nada econômico substituir todo aquele equipamento inútil dos campos de batalha com as minhas coisas. Então fiz uma viagenzinha especial pra cá, só pra vocês.
Snake: Drebin, você faz a mínima idéia do que está acontecendo aqui?
Drebin: Claro que faço.

Drebin pula no convés numa pose dramática e seu macaco faz o mesmo o imitando. Drebin oferece a lata de refrigerante a Snake, que nega com a cabeça. Ele entrega então ao seu macaco.

Drebin: Quando se fala sobre armas, o mundo é como esse refrigerante: assim que o gás acaba, não dá mais pra consumir, não vale nada. Eu fico do lado de quem mais precisa de mim. Entendeu? Se precisar de alguma coisa, só me chamar. Estou montando uma lojinha por aqui.

Snake pega um cigarro e o coloca na boca. Drebin percebe que Snake não acha o isqueiro e usa o truque de acender o fogo com os dedos.

Drebin: Aproveite... pode ser o seu último.
Snake: E é. Acabaram.

O macaco pede o cigarro para Snake e acaba ganhando. Drebin não o desaprova dessa vez. O macaco sai andando feliz, mas antes entrega o refrigerante para Snake em forma de agradecimento. 

Snake: Tudo bem.
Drebin: Parece que essa última tragada vai ter que esperar... 

Drebin parte fazendo sempre o mesmo sinal de quando diz "meus olhos têm você". Snake pára um dos soldados que cuida dos preparativos das catapultas e entrega a lata de refrigerante que ficou em sua mão. Outro soldado mostra a Snake em qual catapulta deverá ir. Campbell liga para Snake no momento que toda equipe se prepara para ser lançada. Otacon entrega o Mk.III para Snake e se junta a Mei Ling na sala de comando.

Campbell: Snake, consegue me ouvir? O navio de guerra do Liquid - Outer Haven - é uma versão modificada do modelo Arsenal Gear roubado dos Patriotas. Está repleto de Irvings e outras armas mecânicas. De acordo com os dados da Naomi, o Haven é protegido por um batalhão de soldados especiais reunindo o que as PMCs têm de melhor para oferecer. Se o Liquid conseguir mesmo destruir o JD e tomar o controle do Sistema dos Patriotas, ele vai fazer do Haven sua casa e espalhar suas PMCs pelo planeta todo. E o domínio armado da humanidade vai começar. Preste atenção, essa é a última chance de prevenir que o Liquid escravize o planeta.
Marinheiro 1: Capitã, Haven à vista.
Mei Ling: Preparar a arma principal!

O Missouri ajusta as miras de seus canhões enquanto o Outer Haven emerge do fundo do oceano. Os soldados a bordo do Missouri se desesperam pela proximidade do alvo. Snake, Meryl e Johnny estão preparados cada um em suas catapultas.

Campbell: Meryl, consegue me ouvir? Está na hora... de cumprir sua missão. Lembre-se: aconteça o que acontecer, estarei com você até o fim. Você é meu orgulho e minha alegria.

Meryl enxuga as lágrimas de seus olhos e encara bravamente seu desafio. A cobertura do Outer Haven se abre revelando o canhão elétrico.

Marinheiro 1: Canhão elétrico exposto.
Mei Ling: Ali está... uma arma nuclear sem restrição de uso.
Otacon: Hora de acabar com isso, Snake. Que essa seja nossa última batalha. Se somos responsáveis pelos crimes do Liquid, então a dívida é nossa.

Otacon fala com Snake através do Mk.III. No Outer Haven, o canhão começa a se direcionar para o céu enquanto muitos mísseis começam a ser lançados em direção ao Missouri.

Marinheiro 1: Inimigo tentando nos interceptar!
Mei Ling: Manter velocidade máxima!
Campbell: Se falharmos, a raça humana vai se afundar em destruição. Vocês precisam impedi-los de usarem aquele canhão elétrico e então aniquilar o GW.
Mei Ling: Fogo!

Todas as armas do Missouri disparam o que podem em direção aos mísseis e ao Outer Haven. Os mísseis são abatidos. Além disso, um dano mínimo é feito no Outer Haven.


Marinheiro 1: Acertamos o alvo! Pequeno dano!
Marinheiro 2: O inimigo está contra-atacando!
Mei Ling: Preparem-se todos para o impacto! Se segurem!

O pequeno Missouri colide com o gigante Outer Haven em alto mar. Um passa do lado do outro com suas laterais se raspando durante a colisão. Quando o convés do Missouri com as catapultas passam do lado da cobertura aberta do Haven, Snake e Meryl são lançados para dentro do Outer Haven. Johnny sai de mau jeito de sua catapulta e parece escorregar pela parte externa do Outer Haven, caindo não se sabe onde. Snake e o Mk.III caem rolando pelo convés do Outer Haven. Apesar do impacto, ele aterrissa sem maiores problemas, graças também ao seu traje que protege seu corpo. Assim que consegue parar, ele examina o local. Mesmo vazio, ele se esconde para evitar problemas. Meryl o chama via Codec.

Meryl: Snake...
Snake: Onde você está?
Meryl: Desculpe... meu tornozelo...
Snake: Consegue andar?
Meryl: Acho que sim.
Snake: Você está bem?
Meryl: Dói muito mais sem o SOP.
Snake: Faz você se sentir viva, não? E o Akiba?
Meryl: Ele caiu no oceano. Snake, eu o alcanço logo. Siga em frente!
Snake: Meryl!!!

Antes da transmissão de Meryl se finalizar, tiros são ouvidos. Snake então percebe algo se aproximando. Ele vira pronto para atirar, mas percebe ser o Mk.III.

Snake: Otacon.
Otacon: Desculpe deixá-lo esperando.
Mei Ling: Snake, pode me ouvir? O GW está na parte de trás do Haven. Ande!
Otacon: Bom trabalho, Snake. Você está a bordo do Haven. Unidades inimigas já devem estar a caminho. Faça o que puder para chegar ao GW!

Snake passa pelo convés do jeito que pode: desacordando inimigos, se escondendo e se defendendo. Ao pegar um elevador que o leva para a parte interna do Haven, ele se lembra do que Mei Ling falava na sala de reunião do Missouri.

Mei Ling: O corredor que leva ao GW é protegido por armas de energia dirigida que emitem certos tipos de microondas.
Johnny: Você disse... microondas?
Mei Ling: E na freqüência que emitem, as ondas vão evaporar qualquer pessoa dentro daquela área.
Snake: Parece o trabalho perfeito pra mim...