Big Boss: Isso mesmo, muito bem. Ainda não existe motivo para partir.
Snake: ...
Big Boss: Há quanto tempo, Snake.
Snake: Big Boss?
Snake, que não teve coragem de atirar em si mesmo, fica em choque ao ver Big Boss ainda vivo. Big Boss, ao vê-lo, aponta sua metralhadora Patriot em direção a ele. Snake rapidamente troca o pente vazio de sua pistola automática para um cheio e mira em direção a Big Boss. No clima de tensão, Big Boss solta sua metralhadora no chão e parte para cima de Snake para desarmá-lo, como aprendeu com a Boss. Snake, ainda em pé imobilizado por Big Boss, fica sem reação quando seu pai fala em seu ouvido.
Big Boss: Releve, meu filho... Não vim aqui para lutar. Ou devo chamá-lo de irmão?
Snake: O quê?
Big Boss: Ainda não acabou. É hora de deixar as armas de lado... e viver. Tudo começou com um bando de velhos idiotas, mas agora eles já se foram. A era da estupidez acabou. Sou o único que resta e logo, logo também não vou estar mais aqui.
Snake: Como você ainda pode estar vivo?


Big Boss mostra à Snake um homem velho, sem cabelos, sentado numa cadeira de rodas, inconsciente, mantido por alguns aparelhos.

Big Boss: As procurações que agiam em nome dele eram só uma parte de um vasto ciclo que ele criou. As corporações privadas e as instituições de pesquisa que abrangiam o complexo industrial militar eram parte dos Patriotas também. Operavam com dinheiro automaticamente distribuído pelas IAs sob contas mantidas pelos Patriotas. A rede cobria tudo desde pesquisa e desenvolvimento de armas e investimentos até produção e propaganda. Envolvia pessoas, companhias... até as leis que os protegiam. A política e a economia se tornaram nada mais do que interações do mesmo sistema uniforme opressivo. Acho que ninguém percebeu que tudo era controlado por um mero conjunto de normas. E os Patriotas eram essas normas, uma rede neural reduzida à sua forma mais básica. Era isso o que eles realmente representavam: uniformidade sem vontade individual, sem mudança. Mas um dia, essas normas de repente se desviaram do padrão e sofreram uma mutação. Foi o nascimento de uma nova forma de vida: o Sistema havia encontrado um novo jeito de se autopropagar: guerra. As normas que os Patriotas lapidaram por seu estado unificado rapidamente se tornaram dependentes de um único negócio: a economia da guerra. Ao mesmo tempo, a causa política de criar um "campo de batalha mais limpo, mais seguro" proveu um catalisador conveniente. Nesse tempo, o Sistema não era mais manipulado pela vontade do Zero - ou pela vontade de ninguém. Foram quando as normas - manifestadas pelas IAs, as herdeiras da vontade do Zero - começaram a se reproduzir e criar vida própria.


Big Boss: Mesmo com tantas diferenças e entre nós... é engraçado... agora que estou realmente cara a cara com ele de novo... o ódio passou. Tudo o que eu sinto é um ansiedade enorme. E pena. O Zero realmente me odiava ou ele me temia? É tarde demais para perguntar agora. Os membros originais: a Paramédica, o Sigint, a Eva e o Ocelot... todos morreram. Só sobrou o Zero. Tudo tem seu começo. Mas não começa no "um", começa muito antes disso... no caos. O mundo nasce do zero. No momento que o zero se torna um é que o mundo ganha vida. Um se torna dois, dois se tornam dez... dez se tornam cem. Voltar ao um não resolve nada. Enquanto o zero ainda existir, um certamente vai chegar a cem novamente. Então, o nosso objetivo era eliminar o Zero. Mesmo os poderosos Patriotas começaram com um homem. Os desejos desse simples homem se tornaram enormes... maiores do que ele imaginava. A tecnologia absorvida começou a controlar a economia. Percebemos muito tarde que tínhamos criado um monstro. Ajudamos o Zero crescer até cem. Os erros dele eram nossos. Por essa razão, eu me dou permissão para mandar o Zero de volta ao nada.

Snake: Você vai voltar a nada também?
Big Boss: Você me matou duas vezes antes. Hoje... será a terceira. O FoxDie que o Zero plantou em você já começou a comer o meu corpo. A verdade é que o FoxDie em você foi o que matou a Eva e o Ocelot.
Snake: Do que está falando?
Big Boss: A Naomi... me contou tudo.
Snake: O que há de errado?
Big Boss começa a se sentir mal, como se começasse a ter um ataque cardíaco. Ele caminha em direção ao túmulo da Boss, onde estão as flores brancas que Snake observara um tempo atrás. Eventualmente, Snake o ajuda a levantar de suas quedas.

Snake: ...
Big Boss: Havia mais uma coisa que a Naomi queria contar pra você sobre o velho FoxDie em seu corpo, o que mutou. O novo FoxDie dentro do seu corpo continua a se multiplicar. Ao mesmo tempo, está prevenindo o velho vírus mutante de se reproduzir. O novo FoxDie está enterrando o velho. A Naomi confirmou em seu artigo. Os mutantes estão regredindo. Não vai demorar muito para que eles desapareçam completamente.
Snake: Isso significa que o vírus que mutou não vai causar uma epidemia?
Big Boss: Só vão viver enquanto você viver. Mas mesmo assim, o processo vai se repetir de novo: o novo FoxDie também vai começar a mutar e se tornar uma ameaça. Mas isso só se você viver por muito tempo.
Snake: Eu vou morrer?

Big Boss, mesmo não mais agüentando ficar em pé, saúda a Boss em seu túmulo. Snake acende um cigarro para ele, já encostado no túmulo da Boss, falando com dificuldades.
Big Boss: Está quase na minha hora. E comigo se vão as últimas cinzas dessa guerra sem frutos. Finalmente, esses últimos demônios partiram. Uma vez que a origem do mal retorna ao zero, uma nova origem, um novo futuro pode nascer. Snake, esse novo mundo é seu... para viver. Não como uma cobra, mas como um homem. Saiba que eu, o Zero, o Liquid, o Solidus... todos lutamos em uma longa, sangrenta guerra pelas nossas liberdades. Lutamos para nos libertarmos de nações e sistemas e normas e eras... Mas não importa o quanto tentássemos, a única liberdade que encontramos foi dentro de nós, trancada dentro desses limites. Eu e a Boss escolhemos caminhos diferentes, mas, no fim, acabamos presos dentro da mesma gaiola: liberdade. Mas você... você ganhou a liberdade. A liberdade de viver fora... Você não é mais ferramenta nem brinquedo de ninguém. Você não é mais prisioneiro do destino. Você não é mais uma semente da guerra. É hora de enxergar o mundo exterior com seus próprios olhos. Seu corpo e sua alma são só seus. Nos esqueça. Viva. E encontre uma nova razão para a vida.
Snake: ...
Big Boss: Boss, você só precisava de um Cobra... não... o mundo é melhor sem Cobras.
Snake observa Big Boss fechar os olhos e o cigarro cair de sua boca...
Big Boss: Isso é bom... não é?
FIM
Otacon: Snake, espere! Você esqueceu isso!
Snake: Não, obrigado. Estou parando.
Otacon: Snake?!
Snake: Essas coisas matam.
Otacon: Onde você está indo? Nossa luta acabou... não sobrou nada pra fazer.
Snake: Não. Tem uma coisa que preciso fazer ainda. Preciso envelhecer... ver o que futuro vai nos trazer.
Otacon: Me parece bom. Eu vou com você.
Snake: Otacon, eu vou morrer logo... você não precisa vir.
Otacon: Tem razão, Snake. Não há nada que você possa passar para a nova geração. Genes, memes... você foi criado pelo homem... Você é um monstro!
Snake: Eu sei... uma rosa azul. Não vou ter um final feliz como "A Bela e a Fera". Vou passar o pouco tempo que me resta vivendo... como a Fera: uma sombra do que há por dentro... da velhice.
Otacon: Exatamente! Por isso que você precisa de mim! Como testemunha!
Snake: Testemunha?
Otacon: Sim. Alguém de fora para testemunhar seus dias finais. Alguém pra contar a sua história... não que eu seja a única testemunha, mas... vou me lembrar de tudo o que você foi... e acompanhar você até o fim.
Snake: Otacon...
Otacon: É claro que... você não me deixaria sofrendo com os ovos da Sunny sozinho, né?!
Sunny: Venham rápido! Estão prontos! Eles estão... hhhuuummm!!! Como se fossem o sol! Crescendo de novo!