sábado, 28 de julho de 2007

Fingi ser uma vítima porque não sabia encarar a verdade

Raiden contata Stillman ainda na estrutura C via Codec.

Raiden: Raiden aqui. Já cuidei da C4 na estrutura C. O teto do banheiro feminino era o alvo.
Stillman: Isso não parece coisa dele...
Raiden: Algo de errado?
Stillman: Talvez. Os locais que o Pliskin reportou também não são efetivamente pontos de demolição.
Raiden: O que quer dizer?
Stillman: Que não eram os melhores lugares se quisessem destruir esse lugar.
Raiden: Está dizendo que não planejam mandar a Shell pelos ares?
Stillman: É o que parece. Até agora, não vimos nada além de desperdício de explosivos. Ou estamos deixando passar alguma coisa...
Raiden: Uma cilada?
Stillman: O Fatman não ia fingir que não vim pra cá. Tem alguma coisa de errado.

Raiden congela a C4 da estrutura D e parte para a estrutura E. Ao procurar na parte externa, Raiden vê uma mulher falando ao rádio. É Olga Gurlukovich que se encontra no topo das escadas que dão para o topo da estrutura, o heliporto. Raiden a observa debaixo delas.

Rádio: Já cuidei dos helicópteros. Como estão as coisas por aí?
Olga: Misteriosas. Acabei de ver um homem vestido como um Ninja.
Rádio: Ninja?
Olga: É o melhor jeito de descrever. Um tipo de ciborgue com uma espada.
Rádio: O quê?!
Olga: Você está escondendo algo de mim?
Rádio: Olga, tem certeza que não é nenhum Tengu (74) do Arsenal Gear?
Olga: Deixe de ser besta! Eu sei a diferença! Nunca vi ninguém com uma armadura daquela...
Rádio: Tudo bem, vou intensificar a patrulha. Mais alguma coisa?
Olga: Na verdade, mais uma. Você vai custar a acreditar. Vi um homem se escondendo sob uma caixa de papelão.
Rádio: Onde?!
Olga: Na ponte de conexão pra Shell 2.
Rádio: Hmmm...
Olga: Acredita em mim dessa vez?
Rádio: Já vi alguém usando esse truque antes... Vou colocar uma armadilha nessa passarela.
Olga: Entendido. Desligo.

Olga desliga o Rádio e abaixa sua arma. Raiden a rende mesmo de frente pra ela.

Raiden: Parada! Você deve ser uma Dead Cell.
Olga: Claro que não! Que coisa pra se dizer...
Raiden: Jogue sua arma!
Olga: Sem chance!

Olga salta pra fora da estrutura. Raiden corre para ver onde ela pulou, mas não vê ninguém. Ele chama Pliskin pelo Codec.

Raiden: Eu vi uma soldada... russa.
Pliskin: Deve ser a Olga Gurlukovich.
Raiden: Como você sabe?
Pliskin: Já tive o mesmo prazer de conhecê-la.
Raiden: Ela não é uma Dead Cell?
Pliskin: Não, ela comanda um exército privado russo.
Raiden: Deve ser o que está vigiando a Big Shell.
Pliskin: Exato. Ela lidera o grupo desde a morte do seu pai, Coronel Gurlukovich. Cuidado com ela, essa é encrencada.

Raiden entra em contato com Stillman da estrutura E.


Raiden: Raiden aqui. Já tomei conta da C4 no topo da estrutura E. Os explosivos foram colocados sob o Harrier estacionado lá.
Stillman: Tá tudo errado. Isso é coisa de amador. Todas as bombas encontradas até agora não estão nos pontos certos. A quantidade também não é suficiente.
Raiden: Mesmo o Fatman pode cometer erros, não?
Stillman: Não. Alguma coisa está acontecendo aqui... Continue desarmando, Raiden. Estou com um mau pressentimento.
Raiden: Acha que é uma cilada?
Stillman: Não sei, mas tenho que avisar o Pliskin pra tomar cuidado também. Se apresse.

Na ponte de conexão E-F, Raiden recebe um chamado de uma pessoa misteriosa com uma voz metalizada. A imagem da pessoa não aparece no Codec.

Mr. X: Tome cuidado. Existem Claymores (75) em volta.
Raiden: Quem é?
Mr. X: Claymores equipadas com camuflagem Stealth, invisíveis a olho nu. Use um detector de minas.
Raiden: Identifique-se!
Mr. X: Me chame de "Deepthroat".
Raiden: Deepthroat? O mesmo de Shadow Moses?
Mr. X: Mr. X, então.
Raiden: Mr. X, agora? Por que se importaria se eu o chamasse de Deepthroat?
Mr. X: Esqueça isso.
Raiden: Por que entrou em contato?
Mr. X: Digamos que sou um dos seus fãs.

A transmissão é finalizada por Mr. X e Raiden chama Campbell.

Raiden: Coronel, alguém se intitulando Mr. X acabou de me chamar. Você sabe de alguma coisa?
Campbell: Não, e quem quer que seja, não parecia usar transmissão forçada. O sinal vem de dentro da Big Shell.
Raiden: Deu o nome de "Deepthroat" primeiro. Você acha que...?
Campbell: Peguei essa parte também, mas a possibilidade de ser verdade é zero. O Gray Fox foi quem usou esse codinome e ele está morto.
Raiden: É armadilha inimiga?
Campbell: Pode ser. Aja com cautela.

Raiden consegue um detector de minas e passa pelo local. Depois de congelar a bomba na estrutura F, Raiden recebe um chamado de Rose.

Rose: Jack... deve ser meio difícil desarmar bombas, não?...
Raiden: É... diria que sim.
Rose: Ah, me desculpe. Foi meio imbecil dizer isso...
Raiden: Tudo bem. É que eu nunca fui treinado pra essas coisas, sabe?
Rose: Você está se sentindo bem?
Raiden: Digamos que eu quase vomitei algumas horas...
Rose: Ah Jack...
Raiden: Mas tudo bem, é bom porque não estou me sentindo sozinho nessa.
Rose: Ah... é verdade. O que você pensa quando tem que desarmá-las?
Raiden: Não me lembro de pensar em muita coisa. E eu sei que tenho que resistir, então mantenho a mente sem nada. Não posso me deixar tomar pelo medo.
Rose: E... eu sou parte do que você tenta não lembrar?
Raiden: ...
Rose: Estava brincando. Mas acho que não é hora pra isso...
Raiden: Não... é, sim. E eu realmente penso em você. Estou tentando lembrar o que tem de tão especial no dia 30 de abril.
Rose: Algum avanço?
Raiden: Não, ainda não.
Rose: Você precisa se manter vivo. Você vai se lembrar.
Raiden: Certo. Isso é uma promessa.
Rose: Ei Jack, posso dizer que desarmamento de bombas parece muito com começar um relacionamento...
Raiden: Ãhn? Do que está falando?
Rose: Desmontar com cuidado defesas emocionais, estar atento constantemente... sabe?
Raiden: Parece. Nenhum deles é meu ponto forte.
Rose: É verdade que você não é o homem mais paciente do mundo.
Raiden: Não é assim, também. Eu gosto das coisas como elas são.
Rose: Você tem medo do que pode estar escondido aí dentro?
Raiden: Não medo, só... só me nego um pouco... a lidar com complicações.
Rose: Como eu?
Raiden: Você...
Rose: Ei Jack?
Raiden: Sim.
Rose: Você sabe porque eu aceitei esse trabalho? Porque eu queria muito ver como você é de verdade.
Raiden: Mas estamos juntos há um bom tempo. Você já me conhece.
Rose: Não... você nunca me deixou passar de um certo ponto e eu queria conhecer o que existe lá.
Raiden: Aaaahhhh... você está tentando me desvendar?!
Rose: Esqueça, não é importante. Boa sorte, Jack...

Raiden congela a bomba na estrutura A e avisa Stillman.

Raiden: Raiden falando. A C4 encontrada na estrutura A foi congelada e desarmada. Os explosivos foram colocados na sala das máquinas no primeiro andar.
Stillman: Bom trabalho, só falta mais uma.
Pliskin: Aqui é Pliskin. Está me ouvindo, Pete?
Stillman: Estou aqui. O que foi?
Pliskin: Raiden, você precisa ouvir isso também.
Raiden: Estou ouvindo.
Pliskin: Chequei o porão da estrutura H pra você, Pete.
Raiden: Espere... como assim?
Stillman: Eu pedi pro Pliskin olhar em volta. Conhecendo o Fatman, não podia deixar batido o fato de eu achar que as bombas estavam todas frias.
Raiden: E o que descobriu?
Pliskin: Um monte de C4 empacotadas no porão da estrutura. Pete acertou.
Stillman: Eu sabia que ele tinha uma carta na manga...
Raiden: Então as outras eram falsas?
Stillman: Não, elas também são uma ameaça, mas a detonação não seria suficiente pra destruir a Shell inteira. Mas as bombas que o Pliskin achou afetariam seriamente a estrutura.
Pliskin: E isso não é o pior. Elas eram à prova do radar.
Stillman: O quê?!
Pliskin: Modelo novo, acho. O sensor de ionização não detectou. A coisa toda estava embalada pra que não soltasse vapor e não há sinal daquela colônia. Parece que ele o enganou, Pete.
Stillman: É...
Raiden: Mas pelo menos você descobriu a coisa, não?
Pliskin: Foi pura sorte.
Raiden: Bombas invisíveis ao sensor...
Pliskin: Alguma idéia, Pete?
Stillman: Será que existem mais por aí? Eu mesmo terei de ver.
Raiden: Você não pode andar rápido.
Pliskin: Ele tem razão. Posso tentar usar o spray de longe.
Stillman: Esperem, tem alguma coisa de errado sobre essa bomba, eu sinto.
Pliskin: Bem, Pete... Devo voltar pra buscá-lo?
Stillman: Não precisa. Raiden, você ainda tem mais uma, certo?
Raiden: Certo... com exceção dessas sem odor.
Stillman: E você, Pliskin?
Pliskin: Tenho duas, sem contar essa aqui.
Stillman: Certo. Tem de ser eu mesmo. Eu tenho um cartão que me possibilita ir até a Shell 2.
Raiden: Você não vai chegar com essa sua perna assim. Eles podem o pegar!
Stillman: Isso não vai acontecer. Eu... posso andar rápido. Posso correr até...
Pliskin: Como é que é?
Stillman: Aquela bomba, cinco anos atrás... eu estraguei tudo. Mesmo com minha experiência, eu a perdi. E a igreja foi junto com a explosão. E mais todas as crianças brincando perto dela... Nesses cinco anos, eu tenho vivido numa mentira.
Raiden: Mentira?
Stillman: Sim, mentira. Não perdi minha perna na explosão. Foram muitos mortos... tudo por minha culpa. Tudo no que eu pensava era em me esconder desse crime, me defender da revolta do povo. Eu queria que eles tivessem pena de mim, da minha fraqueza... Fingi ser uma vítima porque eu não conseguia encarar as famílias das vítimas de verdade. Isso não é prostético. Eu posso fazer minhas caminhadas, andar num deserto! Vivi tanto nessa mentira que não respondi pelos meus pecados nem pra mim mesmo. Era pra fingir um escudo, mas ele existiu de verdade. Eu me matei pra fingir ser uma vítima. Ao invés de me proteger, tornei minha vida um inferno maior ainda.
Pliskin: E como isso podia ajudar as vítimas?!
Stillman: Eu sei... sou um covarde...
Pliskin: Ei Pete...
Stillman: Deus me perdoe... eu posso andar com minhas próprias pernas. E eu preciso delas pra parar o Fatman. Os crimes dele são meus também... um de omissão, outro de arrogância. Ninguém ensinaria essas técnicas com a consciência limpa. Essa é a única forma de eu pagar pelos meus pecados.
Pliskin: Certo, Pete. Essa é toda sua. Entendeu, Raiden?
Raiden: Entendi.
Pliskin: Pete, eu cuidei dos guardas nas estruturas G e H da Shell 2. Não recomendo você passar por nenhuma outra.
Stillman: Devo essa.
Pliskin: Vou voltar a congelar as bombas pequenas.
Stillman: Faça isso também, Raiden.
Raiden: Farei.
Stillman: Estou levando o rádio caso precise de ajuda. Só não chame pelo "Peter Perna-de-Pau". Ele se foi, melhor assim.

Saindo da estrutura, Rose o chama.

Rose: Jack? Você se lembra do dia que nos conhecemos?
Raiden: Rose, estou meio ocupado agora...
Rose: Tá certo, desculpe.
Raiden: Claro que me lembro. Foi bem depois de eu ser transferido pra Nova Iorque. Tantos turistas ao seu redor, em frente ao Federal Hall.
Rose: Um grupo de senhoras japonesas veio até mim, perguntou qual era o prédio que o King Kong subiu no filme. Eu disse: provavelmente, o Edifício Chrysler... Depois você apareceu e começou a discutir: "Não, foi o Empire State!"
Raiden: Eu disse que o Chrysler foi no Godzilla.
Rose: Hahaha! Começamos a discutir e eu me esqueci dos turistas! Eu insistia que estava certa e você também! Quando vimos, a japonesa já até tinha ido embora! E acabamos indo ao Museu Skyscraper pra ver quem tinha a memória melhor!
Raiden: Discutimos o caminho todo até o Battery Park.
Rose: E pra nada!
Raiden: O museu fechou, tomamos nossos rumos... E eu a achei no mesmo corredor de onde eu estava ficando. Muita coincidência!
Rose: Maravilhosa coincidência! Estávamos trabalhando no mesmo lugar!
Raiden: Fomos depois até o topo do Empire State...
Rose: Foi tão lindo... Eu olhava pro Edifício Chrysler de cento e vinte degraus acima do chão...
Raiden: Me senti... maravilhado. Nem ligava mais pra quem estava certo.
Rose: E lá aconteceu nosso primeiro beijo.
Raiden: Assistimos ao "King Kong" um monte de vezes naquela noite no seu apartamento. Não dormimos até de manhã... Se não fosse aquela coincidência, não estaríamos juntos.
Rose: Eu sei... Ah, desculpe, Jack. Estou tomando seu tempo de novo...
Raiden: Ãhn?
Rose: Se cuide.

Raiden desarma a última bomba na estrutura B. Stillman chega à estrutura H.

Raiden: Congelei a última C4! Não tem mais nada no radar!
Pliskin: Você está na frente, criança. Ainda tenho mais uma. Como está a sua, Peter?
Stillman: Bem, é uma grande. C4 selado e em grande quantidade...
Raiden: Você acha que pode ter mais uma na Shell 1?
Stillman: Com certeza. Em algum lugar no porão da estrutura A.
Raiden: Como pode ter tanta certeza?
Stillman: Se o porão daquela parte for demolido, a Shell 2 também vai começar a desmoronar.
Pliskin: Quer dizer que a Shell 2 vai realmente afundar?
Stillman: Não imediatamente. Ainda restarão cinco estruturas. Mas, se a Shell 1 perder uma estrutura ao mesmo tempo, teremos uma história bem diferente. A integridade da Big Shell depende de um balanço muito preciso. Se cada Shell perder uma estrutura, a coisa toda cai por causa do próprio peso.
Raiden: O que a gente faz?
Stillman: Eu tenho um sensor que localiza as C4 que não emitem cheiro. É feito da combinação de um cintilador de nêutrons e um detector de bombas de hidrogênio.
Raiden: Você trouxe isso com você?
Stillman: Claro. Eu o calibrei enquanto estava na despensa.
Raiden: Funciona?
Stillman: Já testei, realmente funciona. Mas ele não funciona visualmente, ele emite sons.
Raiden: Sons?
Stillman: Quanto menor o intervalo entre as batidas, mais perto está a bomba.
Raiden: Entendi.
Stillman: Deixei o outro na despensa. Volte e pegue-o.
Pliskin: É todo seu, Raiden.
Stillman: Eu vou estudá-la mais e ver se o processo de congelamento funciona. Não mexa na outra enquanto eu não der o sinal.
Raiden: Tudo bem. Espero até você chamar.

Assim que Raiden chega à despensa e pega o sensor, contata Stillman.


Raiden: Peter, estou com o sensor.
Stillman: Ótimo, vá para o porão da estrutura A.
Raiden: Como está sua bomba invisível?
Stillman: Estou olhando pra ela, mas mantendo uma certa distância. Como estão as coisas, Pliskin?
Pliskin: Mais alguns minutos... Eu cheguei até a última estrutura, mas tinham alguns guardas que tive que tirar do caminho.
Raiden: Muito ruim a situação, Peter?
Stillman: Talvez. É uma bem diferente... o detonador não foi ativado.
Raiden: O quê?
Stillman: Mas o sensor está captando, o que significa...
Pliskin: Aqui é Pliskin. Encontrei a última C4.
Stillman: Está aí?
Pliskin: Estou congelando. Um momento...
Stillman: Espere, Pliskin!!!

Ouve-se o barulho do spray e do trincar da bomba ao ser congelada.

Stillman: Droga! Era isso!
Pliskin: O quê?
Stillman: O detonador foi acionado! Está contando!
Raiden: O que aconteceu?!
Stillman: As grandes estavam dependendo da desativação das pequenas! Raiden, a da Shell 1 deve estar contando também! Corra!!!
Raiden: Qual o tempo restante?!
Stillman: 400 segundos!
Raiden: 400 segundos?!
Stillman: Raiden, se mexa! Pro porão da estrutura A já!!!

Na descida pelo mesmo elevador que Raiden chegou ao topo da estrutura A, ele recebe um chamado de Stillman.

Stillman: Raiden, Pliskin, ouçam com cuidado.
Raiden: O quê?
Stillman: Eu caí...
Pliskin: Caiu?!
Stillman: O Fatman tem meu número. Um sensor de proximidade. Microonda.
Raiden: Microonda?
Stillman: Alcance de 3 metros. Não foi uma técnica que o ensinei, nem a armadilha multi-bombas. Parece que ele superou minhas técnicas. De resto...
Pliskin: Pete, cai fora daí!!!
Stillman: Tenho menos de 30 segundos. Tarde demais.
Raiden: Não!
Stillman: Pliskin, saia da estrutura H o mais rápido possível.
Pliskin: Pete...
Stillman: Raiden, mantenha sua distância. Use o spray o mais longe possível.
Raiden: Eu?
Stillman: Eu sei que você consegue.
Raiden: Eu não sei...
Stillman: Mas eu sei. Faça. Eu sei que pode.

Raiden congela a bomba da Shell 1, mas a explosão da Shell 2 ecoa por toda a Big Shell abalando as estruturas da plataforma toda. Só resta um grande silêncio pela morte de Peter Stillman.

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