quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Um mundo sem fronteiras


Volgin: Snake! Não acabou ainda, você não tem saída!
Eva: Falhamos!
Snake: Nada bom!
Eva: Segure-se!

Sobre a moto, Snake e Eva, perseguidos pelo Shagohod, passam por diversos soldados atirando contra eles. Snake carrega com ele um lança-mísseis. O Shagohod tenta seguir Snake e Eva, mas demora um tempo para se livrar da passarela de Groznyj Grad, que bloqueia seu caminho.

Eva: Não consigo despistá-lo!
Snake: O lança-mísseis não fez nada na armadura!
Eva: Vamos pra ponte!
Snake: Pra ponte? Achei que você tivesse armado o C3 lá!
Eva: Eu armei... Vamos distraí-lo até a ponte...
Snake: ...e explodimos tudo junto com ele. Bom plano!
Eva: Ela está do outro lado da pista dessa pista. Temos que cortar pelo meio da base. Pronto?
Snake: Manda ver! Se ele nos pegar, já era!
Eva: Bom... vamos lá!

Ao começar a acelerar, Ocelot numa outra moto também começa a persegui-los. Há um tiroteio entre Snake e Ocelot, mas nenhum acerta o outro. Eva tenta desestabilizar Ocelot virando muito rápido sua moto, mas Ocelot consegue manobrar da mesma forma. Eva segue para o hangar em chamas numa tentativa desesperada de se livrar de Ocelot. No hangar, a estrutura está desabando, mas Ocelot está ocupado demais tentando parar os dois para olhar o caminho. Snake, vê um ferro enorme caindo na direção deles e o explode com o lança-mísses. Eva e Snake escapam, mas Ocelot (que só não morreu por causa de Snake) tem seu caminho barrado e fica para trás. De volta para a pista de aceleração do Shagohod, Snake e Eva seguem para a ponte. Eles passam por um helicóptero pousando, e os guardas que saltam falham em atirar à longa distância. De repente, o Shagohod aparece e vai destruindo o que aparece na sua frente pela pista. Passa pelo helicóptero e por um avião-caça e deixa tudo em pedaços. Já perto de Snake e Eva, ele é enganado enquanto Eva manobra em direção à ponte, ganhando algum tempo para eles cruzarem. Volgin perde tempo manobrando o Shagohod e Ocelot em sua moto está de volta à perseguição. Ao ativar a turbina do Shagohod já na direção da ponte, Ocelot se desestabiliza e é forçado a parar.

Ocelot: Filho da puta!!!
Volgin: Snake, tenho uma surpresa pra você! Você não vai fugir!
Eva: Snake, só temos uma chance. Quando o Shagohod estiver na ponte, atire nos explosivos. As duas bombas estão na estrutura da ponte.

Snake e Eva chegam ao outro lado da ponte, esperam pelo Shagohod e sucedem em explodi-la com ele. O Shagohod cai junto com outras motos que os perseguiam. Ocelot mais uma vez tem sorte e vê a explosão antes de chegar à ponte. Mas, surpreendentemente, a ponte que caía em posição vertical, serve como rampa para o Shagohod acelerar e saltar para a terra novamente, onde Eva e Snake estão.

Eva: Olha!
Volgin: Ainda não acabou!
Snake: Eva, tome conta da direção.
Eva: Mesmo?
Snake: Sim, eu confio em você. Com uma condição apenas: deixe a luta comigo.
Eva: Você tem razão. Cansei de fugir também.
Snake: Eva... nós vamos conseguir.

Eva beija Snake.

Eva: Pra dar sorte.
Snake: Vamos lá!

Snake acerta algumas vezes o Shagohod com o lança-mísseis, que pára não por estar destruído, mas por apresentar alguma pane. Volgin aparece sobre o Shagohod e, numa tentativa desesperada, finca seus braços nos cabos elétricos e começa a dar força novamente para o Shagohod funcionar.

Eva: Desça!
Snake: O quê?!
Eva: Vou atraí-lo na nossa direção.
Snake: Você vai se fazer de isca? Enlouqueceu?!
Eva: Estou acostumada com esse cara, eu sei como lidar!
Snake: ...
Eva: Volgin, seu cabeçudo!!!

Eva atrai Volgin e Snake atira para matar. Prestes a morrer, começa a chover vermelho, como se a água fosse sangue. Volgin é atingido por um trovão e incendeia-se. As balas penduradas em seu corpo começam a ser disparadas. Snake e Eva se abraçam aliviados.

Volgin: Quem tem medo de um trovãozinho?
Snake: Frito por um raio de luz... um final apropriado. Finalmente acabou.
Eva: Não temos tempo pra isso agora. A estrada de terra é logo à frente. Vamos indo.

Algumas motos que os perseguiam conseguem dar a volta na montanha e vêm em direção a eles. Durante o caminho, eles conseguem despistar os motoqueiros, mas Eva nota algo errado com a própria moto.

Snake: Parece que finalmente desistiram.
Eva: Não cante vitória antes do tempo... Está vazando combustível.
Snake: Droga! O tanque tomou um tiro...

No que Eva se abaixa para checar o tanque, eles passam por cima de um galho que os faz cair do alto da montanha e rolar até perto de um pântano. Snake cai de costas e, tirando a dor, está bem, mas não se vê Eva. Snake caminha um pouco e a vê sentada apoiada no barranco. Ela tira a mão de um ferimento: um galho de árvore perfurou seu abdômen.

Snake: Eva!
Eva: Estou aqui...
Snake: Eva!!!
Eva: Snake... como isso... parece?
Snake: ...muito mal.
Eva: Você é um insensível.
Snake: Eva...
Eva: E você, está bem, Snake?
Snake: Estou legal.
Eva: Que bom ouvir isso.
Snake: Temos que dar o fora daqui, Eva. Vamos.
Eva: Me deixe.
Snake: Eva!
Eva: A Boss está esperando. Você tem que ir. Me dê uma arma...
Snake: Não! Vamos sair daqui juntos!
Eva: Ainda estamos longe do lago. Nunca vou conseguir.
Snake: Não acredito...
Eva: Ãhn?
Snake: Nunca pensei que você fosse assim tão fraca.
Eva: O que quer dizer com isso?
Snake: Olha, Eva. Estamos nessa juntos.
Eva: Não, você...
Snake: Eva... eu preciso de você!
Eva: Diga isso mais uma vez...
Snake: Eu preciso de você. Não posso decolar um WIG sozinho.
Eva: Hahaha! Tudo bem, então. Acho melhor ajudar... Você tem muita sorte em me ter.

Eva força seu corpo para fora do galho. Entretanto, ao se levantar, desmaia na mesma hora. Snake usa seus últimos suprimentos para tratar Eva e fazê-la andar, mesmo com dificuldade por causa da dor. Eles seguem a pé pelo pântano e, após cruzarem um barranco, avistam o lago. O WIG está estacionado. Eva consegue apressar seu passo em direção ao avião, mas Snake vira-se, relutante em ir embora.

Eva: Vamos, Snake! Conseguimos. Está ali!
Snake: ...
Eva: É a Boss, não é? Vou preparar o WIG para decolar.
Snake: Tudo bem.
Eva: Vou deixar vocês a sós, mas volte inteiro, por favor.
Snake: ...
Eva: Me promete?!
Snake: ...

Snake sabe que não pode prometer nada. Assim que ele fica sozinho, ouve-se o barulho de uma explosão nuclear longínqua e o cenário fica branco. O campo que era verde sobrenaturalmente se transforma num lindo campo cheio de pinheiros altos e flores brancas por toda a parte. As pétalas voam em razão do vento ameno. A Boss aparece e larga no chão somente o sistema de lançamento Davy Crockett restante, sem a bomba.

Boss: É o fim da vida... não é lindo? É quase trágico. Quando a vida termina, ela emite um aroma final de hesitação. A luz não passa de um presente de despedida da escuridão para os que estão a caminho da morte. Eu esperei, Snake, por muito tempo. Esperei você nascer, crescer... e finalmente pelo dia de hoje.
Snake: Boss, por que está fazendo isso?
Boss: Por quê? Para tornar o mundo um só mais uma vez. O mundo costumava ser completo, mas com o fim da Segunda Guerra, o Filósofos começaram a lutar entre si e o mundo se partiu. Os Cobras, meus parceiros que treinaram e lutaram ao meu lado, também se partiram. As manias políticas e o passar do tempo podem transformar amigos em inimigos de maneira tão rápida como muda o vento. Ridículo, não? A aliança do passado se torna a oposição do presente. E essa Guerra Fria?... Pense bem: quando eu liderava os Cobras, os Estados Unidos e a Rússia lutavam juntos. Agora, imagine se os Estados Unidos e a Rússia vão continuar inimigos no século 21... De certa forma, eu duvido. Os inimigos mudam com o tempo, a cada geração. E nós, soldados, somos forçados a obedecer. Eu não criei você nem o formei no homem que é hoje para que enfrentássemos um ao outro numa batalha. As habilidades de um soldado não deveriam existir para machucar os amigos. Então, o que é um inimigo? Existe algo como um inimigo absoluto, imutável com o tempo? Não existe coisa assim e nunca existiu. E a razão pra isso é que nossos inimigos são seres humanos como nós: só podem ser nossos inimigos em termos relativos. O mundo precisa se tornar completo novamente, os Filósofos precisam ser reunidos. Eu devoto as minhas habilidades para esse propósito e, com o dinheiro do coronel, vou alcançar essa finalidade, assim como uma vez eu criei os Cobras. Eles são minha família. Eu posso não ser mais capaz de parir um filho, mas ainda tenho uma família.
Era 1 de Novembro de 1951, eu estava no deserto de Nevada participando de um teste atômico. O nome Nevada deriva do espanhol: coberto de neve, branco como a neve... E neve foi exatamente o que vi naquele deserto de Nevada: congelou meu coração como se tivesse nascido branco. Snake, você também esteve num teste atômico, não? No Atol de Bikini (119). Essa foi parte da razão pela qual fui levada a você: somos parecidos. Nós dois estamos sendo devorados lentamente pelo karma dos outros, nunca teremos chance de morrer em paz de velhice. Nós não temos amanhã... mas ainda podemos ter esperança no futuro.
Em 1960, eu tive uma visão do futuro ideal quando estava no espaço. Três anos antes, a União Soviética colocou o Sputnik em órbita, o primeiro satélite da história construído pelo homem. Foi um grande choque para os Estados Unidos. Em resposta, os Estados Unidos apostaram tudo o que tinham no seu projeto espacial humano, o projeto Mercury. Mesmo quando os soviéticos pareciam comprometidos em mandar seu primeiro homem ao espaço, os Estados Unidos ainda faziam experimentos com macacos em foguetes. O Governo queria dados humanos. E então decidiram mandar um humano para o espaço secretamente: eu fui a escolhida. Na época, eles não tinham tecnologia para bloquear os raios cósmicos e, não importava quem mandassem, a pessoa seria exposta à radiação pesada. Por isso me escolheram. Afinal, eu já havia sido irradiada antes. Claro que você nunca vai achar isso nos livros de história. Eu já pude ver o planeta do espaço, foi quando finalmente percebi: a exploração espacial nada mais é do que um jogo de poder entre a União Soviética e os Estados Unidos. A política, a economia, a corrida armamentista... são todas arenas para um competição sem sentido. Tenho certeza que você consegue enxergar isso. Mas o Planeta Terra não tem fronteiras: não existe Oriente, não existe Ocidente e nem existe Guerra Fria. E a ironia disso tudo é que os Estados Unidos e a União Soviética estão gastando bilhões em seus programas espaciais e na sua corrida armamentista para chegarem à mesma conclusão. No século 21, todos vão ser capazes de ver que somos somente habitantes de um pequeno corpo celeste chamado Terra: um mundo sem comunismo e capitalismo... o mundo que eu gostaria de ver. Só que a realidade continua me traindo...
Em 1961, fui enviada para Cuba, para a Baía dos Porcos (120). Era parte da invasão comandada pela CIA sob o pretexto de levar os exilados cubanos de volta ao seu país. Mas o governo americano os traiu: nosso presidente sem caráter segurou o suporte aéreo e o exército cubano aniquilou os exilados totalmente indefesos. Tudo o que pude fazer foi assistir em silêncio. Eu fui enganada pelo mesmo país pelo qual me sacrifiquei, pelo mesmo governo que dediquei minha vida para defender. Fui arrancada da topo para ter que me esconder.
Então, dois anos atrás, eu lutei contra The Sorrow, meu velho companheiro, numa batalha. Ele era meu amigo, mas um de nós tinha que morrer. Eu fiquei sem escolha: The Sorrow deu sua vida pela minha. Não havia inimizade entre nós: um precisava morrer e o outro precisava viver, essa era a missão. Foram os Filósofos quem me deram essa missão. No começo do século 20, os que detinham o poder nos Estados Unidos, na República da China e na recém formada União Soviética se reuniram num encontro secreto que depois veio a ser conhecido como o Comitê dos Sábios. O pacto secreto que formaram marcou o início dos Filósofos, mas o último dos membros originais morreu na década de 30. Depois disso, a organização começou a perder o controle: o Comitê dos Sábios se degenerou e se tornou uma mera ilusão comparada à sua verdadeira forma. Os Filósofos de hoje não possuem senso de bem ou mal. Suas influências se estendem a países e organizações envolvidos em qualquer aspecto de qualquer guerra... se tornaram a própria guerra. E é assim que operam: os sacrifícios da guerra causam uma mudança nos tempos. Essa mudança renova os conflitos e dispara a próxima guerra. Como reações nucleares em cadeia, cada conflito gera incontáveis outros, formando um espiral infinito onde a guerra vai continuar pela eternidade. Consegue entender o que quero dizer, Snake? Consumindo eu e você, os Filósofos pretendem manter esse ciclo pra sempre. Foi meu pai quem me explicou tudo isso, ele era um deles, eu sou a última filha viva dos Filósofos. Mas, logo depois de me contar a verdade, meu pai foi morto pela mesma organização sem forma. E o meu pai não foi a única coisa que tiraram de mim. Em junho de 1944, eu e os Cobras fizemos parte do Desembarque na Normandia (121), nossa missão era localizar e destruir as instalações inimigas de mísseis V2. Eu estava grávida na época e The Sorrow era o pai. Eu tive meu filho no meio do campo de batalha, um lindo menino... mas os Filósofos o tiraram de mim.

A Boss abre a parte de cima de seu macacão.

Boss: Olhe pra essa cicatriz: essa é a prova de que eu já fui mãe. Eu abri mão do meu corpo e do meu filho pelo meu país. Não há mais nada dentro de mim. Nada. Nem ódio, nem mesmo arrependimento. E, às vezes, de noite, eu ainda sinto essa dor crescendo lentamente por dentro, rastejando pelo meu corpo, como uma cobra...
Snake: ...
Boss: Nunca falei tanto sobre mim desse jeito... Obrigado... obrigado por me ouvir... Me senti... aliviada.

Com lágrimas nos olhos, Boss fala num rádio.

Boss: Começar a operação.
Snake: !
Boss: Snake, eu o criei, o amei, lhe dei armas, lhe ensinei técnicas, o enriqueci com conhecimento. Não tem mais nada que eu possa lhe dar. Tudo o que lhe resta é tirar minha vida com suas próprias mãos. Um precisa morrer e o outro precisa viver. Sem vitórias, sem derrotas. O vencedor vai continuar lutando, é o nosso destino... Quem sobreviver vai levar o título de Chefe e, quem herdar o título de Chefe, vai enfrentar a existência de uma batalha sem fim. Vou lhe dar 10 minutos. Em 10 minutos, MiGs (122) vão vir bombardear o local. Se você me matar em 10 minutos, você escapa a tempo. Vamos fazer deles os maiores 10 minutos de nossas vidas, Jack.
Snake: Boss!
Boss: Você é um soldado! Complete sua missão! Prove sua lealdade! Me enfrente!

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