sábado, 28 de abril de 2012

A última esperança

Ao sair do elevador, Snake entra numa enorme sala de conferências circular. Tudo de mais tecnológico é encontrado nela. Em seu perímetro, estão organizados os lugares, todos com computadores pessoais voltados para a área central. No meio da sala, existe um grande e bonito holograma de um globo que gira simulando o planeta Terra de verdade. Perto desse holograma, Snake reconhece Meryl, caída no chão desacordada. Antes que ele possa ver o que aconteceu, uma tropa de SAPOS entra na sala e Snake precisa matá-los antes. Ele a acorda e, em seguida, seu corpo se levanta devagar de forma irregular: ela não age por vontade própria e alguém controla as ações de seu corpo.

Meryl: Snake...
Snake: Meryl!
Meryl: Snake, corra!
Screaming Mantis: Eu sei seu comprimento de onda, me traz memórias do passado.
Snake: Não pode ser!

A criatura cibernética segura do seu lado direito um boneco de Psycho Mantis e do seu lado esquerdo um de The Sorrow. Através deles, Screaming Mantis parece controlar Meryl. Snake fica confuso pensando quem pode estar por baixo do traje mecânico. A sensação de intriga não chega a passar, porém, a sensação de urgência se torna maior: Meryl aponta a arma para a própria cabeça. Um tiro então acerta um dos bonecos de Screaming Mantis. É Johnny que entra para ajudar. Subitamente, os SAPOS mortos também parecem entrar sob controle de Screaming Mantis e atiram em Johnny e em Meryl, que caem desacordados, salvos por seus coletes. Snake, mesmo impressionado, abate os SAPOS novamente.

Screaming Mantis: Há quanto tempo, Snake.
Snake: Psycho Mantis?
Screaming Mantis: Não, aquele era outro eu.
Snake: ...
Screaming Mantis: Consegue ouvir os gritos? Eles imploram por lutas! Me deixe ouvir o seu grito! Uive! Urre! Do fundo da sua alma!

Screaming Mantis tenta controlar Johnny através de suas "armas" sem sucesso.

Screaming Mantis: O que é isso?!
Snake: ...
Screaming Mantis: Hummm... entendi.
Otacon: Mesmo se a Meryl tentar algo para cima de você, Snake, ela não está agindo por vontade própria. Tente desmaiá-la, mas sem machucá-la!

Screaming Mantis levanta Meryl com seus poderes telecinéticos novamente. Snake, suspeitando que o controle venha por causa dos nanomachines do corpo de Meryl, aplica uma injeção nela, que cai na hora desacordada com seus nanomachines suprimidos por um tempo. Feito isso, Snake atira freneticamente nos bonecos de Screaming Mantis, até caírem. Snake os usa para controlar a já impotente Mantis, ferindo-a por dentro de sua armadura. Assim que a mulher cai de dentro dela, começa a gritar e chorar de desespero.

Screaming Mantis: Eu ouço os gritos na minha cabeça!!!
Snake: ...
Screaming Mantis: Façam-nos parar! Eu não quero ouvir mais! Estou com medo... estou com tanto medo...
Snake: ...
Screaming Mantis: Como minha cabeça dói! Como dói! Eu sinto muito!!! Tenham piedade!!!
Snake: ...
Screaming Mantis: Me tirem daqui! Não consigo respirar!

A mulher grita, pula e bate numa porta imaginária, mas logo senta no chão e desiste. Ao olhar para Snake, resolve caminhar na direção dele.

Screaming Mantis: Agora, me tire do meu corpo. Me perdoe, me liberte...

Snake, para evitar maiores problemas com a mulher de comportamento esquizofrênico, a desmaia. Ela se ajeita para uma posição fetal. Uma imagem de Psycho Mantis aparece para atormentá-lo, mas logo vai embora. Ainda sem entender, ele atende um chamado de Drebin.

Drebin: Então, você acabou com a última Fera. Os bonecos que você pegou podem manipular quem possui nanomachines... Se você me perguntar o que acho disso, diria que soa como coisa do demo, cara...
Snake: ...
Drebin: A Mantis veio da América do Sul. Nasceu e cresceu rodeada de intermináveis guerras civis. A vila dela foi atacada por forças inimigas e destruída quando ainda era criancinha. Foi separada da família pelos esquadrões inimigos. Mal conseguiu escapar viva e acabou no porão de um prédio onde jogavam os corpos dos mortos, quase todos torturados até a morte. Ela ficou tomada pelo medo. Foi quando começou a ouvir os passos fortes no andar de cima seguidos de gritos desesperados, daqueles que arrepiam desde a espinha até os fios de cabelo. Ela foi parar perto de uma câmara de tortura improvisada. Alguém trancou a porta e não tinha como sair. Estava escuro, úmido... e com um cheiro de podre insuportável. Não conseguia dormir por causa dos gritos das vítimas em volta. Tudo o que conseguiu foi se encolher em um canto, tremendo. Uma semana se passou... dez dias... Ela se manteve hidratada tomando a água das poças que tinham no chão, mas não comia nada. Saiu com diversos problemas mentais por ficar presa nesse lugar nas condições que ficou. Você sabia que a louva-a-deus fêmea come seu parceiro? Os gritos continuavam durante o dia e a noite. Mesmo tampando os ouvidos não adiantava. Até que uma pequena louva-a-deus negra a salvou... a ensinando a bloquear os gritos, a desligar seus ouvidos...
Snake: Que porra é essa que você está falando?
Drebin: Estou falando, Snake, que ela não conseguiu mais agüentar a fome e começou a comer os corpos... mas só dos homens, sem perceber que estava fazendo isso. Na mente dela, era uma louva-a-deus fêmea devorando seus parceiros. Era como se fosse um grande sonho distorcido: não havia louva-a-deus nenhuma, era tudo alucinação. Nada mais que uma história cuspida por outra pessoa que ela mesma criou. Sua mente instável foi o que a tornou vulnerável. Depois arrancaram o que sobrou da psique dela com drogas e com hipnose e implantaram a personalidade do Psycho Mantis. Não era ela quem controlava as B&Fs. Era o Psycho Mantis, meio assimilado em sua mente, puxando as cordas. A Screaming Mantis era só mais um fantoche. De qualquer forma, ela sobreviveu muitas semanas naquele buraco até finalmente voltar à superfície. Mas os gritos em sua mente não pararam. E ficariam pra sempre... só que, dessa vez, não eram reais. Os bloqueios já não funcionavam mais, a louva-a-deus negra desapareceu... E por isso ela gritava: pra afogar os gritos da própria mente. Mas acabou. Você a libertou do pesadelo.
Snake: A última das Feras.
Drebin: Exato, mano. Bem, já cansei de contar historinhas... Agora ande. O GW está esperando. E, dessa vez, você não pode falhar.

Snake vai checar se Meryl está bem. Ele a acorda e parece normal.

Snake: Meryl!
Meryl: Snake... Cadê o Johnny?

Enquanto Snake e Meryl tentam achar Johnny, mais uma tropa de SAPOS invade a sala. Meryl atira em dois soldados e segue com Snake para a entrada do corredor que leva ao GW. Ela atira em mais um soldado que se aproxima pelas escadas. Antes dessa entrada, existem dois muros, um de cada lado da porta. Eles se escondem ali enquanto conversam.

Meryl: Estão entrando. Vá sem mim!
Snake: ...
Meryl: Vá. Destrua o GW enquanto há tempo. Enquanto ainda estou viva.
Snake: Meryl...
Meryl: Snake, o corredor à frente é composto de microondas.
Snake: É... Não tem jeito de passar sem cozinhar.

Meryl chora enquanto fala com Snake.

Snake: Eu... sinto muito ter arrastado você pra tudo isso.
Meryl: Dessa vez, eu protejo você. Nos encontramos de novo... do outro lado...
Snake: ...
Meryl: Vá. Corra!

Snake entra pela porta e Meryl sai de trás do muro para atirar nos soldados. Ela fica quase sem munição, mas as tropas continuam a avançar cada vez mais rápido em sua direção. Enquanto isso, Snake avança pelos imensos corredores para chegar à sala cheia de microondas. Em sua cabeça, os pensamentos se confundem entre momentos de sua vida, de seu destino e de sua missão final.

Otacon: Já chega, Snake. Você não vai agüentar...
Snake: Não se trata de ganhar ou perder. Eu... não, nós começamos com isso. E é nosso dever terminar.
Mei Ling: "...a fala dos que se acham no transe de morrer a atenção força qual profunda harmonia. Quando poucas são as palavras, raramente ficam desperdiçadas."
Otacon: Por que não deixa outra pessoa ir? Você não precisa...
Snake: E é nosso dever terminar.
Raiden: Eu não tenho nada a perder.
Snake: Você era o raio e o trovão daquela chuva. Você ainda brilha na escuridão.
Meryl: Vá. Corra!
Snake: Eu... sinto muito ter arrastado você pra tudo isso.
Meryl: Nos encontramos de novo... do outro lado...
Campbell: Está na hora... de cumprir sua missão. Se falharmos, a raça humana vai se afundar em destruição.
Meryl: Vá.

Meryl continua derrubando os SAPOS que chegam de todos os lados.

Meryl: Último cartucho... vamos, Snake! Não vou agüentar muito tempo!

Ela troca o cartucho para o último, mas percebe que só resta uma bala e se desespera. Ela atira no soldado que está mais perto e sente que vai ser baleada.

Meryl: Droga, não consigo proteger ninguém! Não agüento...
Johnny: Meryl!
Meryl: Johnny! Você está bem!!!

Johnny a surpreende e atira nos soldados que estavam quase a rodeando. Ele corre para se juntar a ela e espalha muita munição pelo chão.

Johnny: Aqui.
Meryl: Tentando se desculpar pelo atraso?
Johnny: Meryl, nunca vou deixar você sozinha de novo.

Meryl: ...
Johnny: ...
Meryl: Pra trás!
Johnny: Limpo!
Meryl: Agora!

Meryl sorri ao ouvir as doces palavras de Johnny. Os dois carregam suas armas atrás dos muros, Johnny analisa a posição das tropas e os dois voltam a atirar.

Meryl: Quem precisa de nanomachines, não é Johnny?
Johnny: ...
Meryl: Me diga uma coisa: como a Mantis não conseguiu controlar você?
Johnny: Imaginei que provavelmente ela estava usando os seus nanamochines para controlar o seu comportamento. Sem nanomachines, não tem como controlar.
Meryl: Mas você não...?
Johnny: Não. Eu não tenho nanomachines. Toda vez que tinha injeções obrigatórias, eu burlava.
Meryl: Não me diga que você sabia que isso ia acontecer!
Johnny: Nem... eu só odeio agulha!
Meryl: Então é por isso que você nunca estava sincronizado com o time!
Johnny: Eu tentava manter os dados de todos atualizados no meu equipamento, mas nunca conseguia.
Meryl: E por isso você não foi afetado na Europa... no Volta!
Johnny: Isso.
Meryl: Cuzão!
Johnny: ...
Meryl: Johnny, estou sem munição.
Johnny: Não se preocupe. Peguei isso com o Drebin.

Os dois revezam-se atrás de cada lado do muro para sempre terem munição disponível. O tiroteio continua.

Meryl: Johnny, eu não sabia... e tudo de ruim que eu falava...
Johnny: Esqueça.
Meryl: Todas as dores de barriga... Tudo porque os nanomachines não suprimiam?
Johnny: Sim.
Meryl: Mas se tinha medo de injeção, por que se juntou à minha equipe?
Johnny: Queria ficar perto de você, proteger você.
Meryl: Johnny?
Johnny: Meryl, eu sempre amei você. Desde Shadow Moses, quando vi você pela primeira vez.
Meryl: ...
Johnny: Meryl, case comigo?
Meryl: Você tem uma péssima noção de tempo!
Johnny: O que disse?

Meryl vai para trás do mesmo muro que Johnny está. E continuam atirando nos soldados do Liquid.

Meryl: Tenho que dizer... não.
Johnny: Prefere ficar solteira? Tudo bem, não precisamos oficializar...
Meryl: Não.
Johnny: Bem, que tal morarmos juntos então?
Meryl: Não.
Johnny: Por quê? Algo de errado comigo?
Meryl: Não. Só prefiro fazer as coisas do meu jeito.

Nessa hora, Meryl pára de atirar e os dois se escondem. Com um ar intimidador, ela encosta Johnny na parede assustando-o.

Meryl: Johnny... case comigo.
Johnny: Ãhn?
Meryl: Vou repetir: case comigo!
Johnny: Claro... o prazer vai ser todo meu...

Os dois voltam a abrir fogo.

Meryl: Ei! E nem pense em me passar a perna.
Johnny: Não me atreveria.
Meryl: E eu quero um casamento de verdade! Com flores e bolo! É meu desejo desde menina...
Johnny: Claro.
Meryl: Eu quero ser uma noiva... cuide de mim, Johnny.

Os dois se beijam. E voltam a atirar... Snake chega à entrada da sala de microondas. Antes de entrar, ele tem um lapso e usa uma seringa, sem efeito. Caído no chão já em desespero, ele usa outra, mas não melhora em nada. Através do Mk.III, Otacon fala com ele. As tropas de Liquid também invadem essa sala. 

Otacon: Snake?
Snake: Otacon... as injeções... não estão funcionando.
Otacon: Vamos! Levante-se! De pé, Snake!
Snake: Raiden...
Raiden: Eu sou a luz... A chuva transformada.

Snake percebe Raiden chegando à entrada da sala logo atrás dele. Raiden está vestido com uma capa preta enorme. Tragicamente, ele já não possui mais braços. É triste vê-lo segurar a espada somente com a boca. Ao ativar algo em seu corpo, dois raios queimam os soldados de Liquid que estão mais perto. Os outros recuam ao ver o poder de Raiden. Snake se recupera parcialmente voltando a andar.

Raiden: Snake... Deixe isso comigo. Eu vou à sala do servidor.
Snake: O corredor possui microondas, um de nós é o suficiente.
Raiden: Meu corpo é uma máquina, eu agüento.
Snake: Seu corpo pode ser uma máquina... mas o seu coração é humano. Você tem que voltar para a sua vida.
Raiden: Ela não significa mais nada pra mim.
Snake: Raiden, olhe pra mim. Você ainda tem sua juventude. Não a desperdice. Você pode recomeçar. Daqui pra frente, a luta é minha. Eu... nós partimos o mundo... fizemos da sua vida um inferno. É meu dever colocar um ponto final nisso.
Raiden: Tudo bem. Vou garantir que eles não entrem.


Snake entra na sala de microondas e Raiden fica para não deixar que os SAPOS avancem.



Otacon: Fique comigo, Snake. Agüente até inserirmos o vírus.
Snake: Tranque por dentro.
Otacon: Fechado.
Raiden: Obrigado... Snake.
Otacon: Snake, o lugar é saturado de microondas. Quanto mais ficar aqui, mais vai se queimar. Ande o mais rápido possível!

Snake vai andando como dá pela sala. O ar quente é insuportável já na entrada do extenso corredor que emite microondas. Snake mal consegue andar por causa do cansaço e do calor. As partes de borracha do seu traje estouram e as partes de metal ficam incandescentes. Snake sente muitas dores enquanto sua pele começa a queimar. Já sem forças, ele cai no chão sem mais conseguir caminhar e se arrasta. Otacon, através do Mk.III, tenta mantê-lo acordado e seguindo em frente. Nesse mesmo momento, o Missouri é atacado por unidades do Metal Gear Ray que saem do Outer Haven e emergem do mar para cima do navio. Johnny e Meryl já não conseguem mais conter o exército de Liquid, cansados, sem munição e com tiros de raspão. Raiden já não é mais páreo para a quantidade de soldados que enfrenta sozinho, sem os braços, sem a espada na boca e seriamente ferido, tendo seu corpo atravessado pelas espadas dos soldados. O canhão elétrico para o lançamento da bomba nuclear está praticamente posicionado. No Nômade, Sunny, sem ter noção do que acontece, pula de felicidade ao ver que não queimou mais os ovos enquanto cozinhava. Snake, atravessa a porta que delimita a sala do servidor GW e a sala de microondas. Sua roupa quase já não existe. Ele vomita e cai no chão, com seu corpo seriamente queimado...

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