quarta-feira, 25 de abril de 2012

De que lado ela estava afinal?


Numa sala escura, Mei Ling mostra uma imagem de satélite de Outer Haven. Através do Mk.III, Otacon comanda um projetor. Snake está fazendo inalação e não pára de tossir.

Mei Ling: O Haven viaja em direção ao sul pelo Pacífico numa velocidade de 33 nós. O Missouri fica para trás numa taxa de duas milhas náuticas (149) a cada hora.
Otacon: Essa coisa não vai mais rápido?
Mei Ling: Não, estamos o mais rápido que podemos. O alvo do Liquid é o JD, um satélite militar americano disfarçado de lixo orbital. O Haven vai precisar subir para a superfície para usar o canhão elétrico.
Johnny: Se descobrirmos a órbita do JD, poderemos prever onde o Haven vai subir.
Mei Ling: O JD está em órbita elíptica síncrona... Então, deve atingir o apogeu em...
Johnny: ...15 horas, 6 minutos e... 12 segundos.
Mei Ling: Isso!

Mei Ling derruba o bastão com o qual aponta para a projeção e Johnny fica olhando. Meryl olha desaprovando sua atitude.

Mei Ling: Em 15 horas, vai estar sobre o Mar Bering... a 494 milhas náuticas do Estreito de Bering. O Liquid sabe disso também, então vai estar em posição nessa região.
Meryl: Eles realmente precisam chegar tão perto para lançar?
Otacon: As ogivas lançadas pelo canhão elétrico do Rex têm um raio de ação de aproximadamente 300 metros. O alvo é um satélite em movimento que viaja a 10 quilômetros por segundo. Para alcançarem um nível de precisão confiável, é necessário chegar o mais perto possível.
Mei Ling: O Liquid não vai lançar uma ogiva até que o JD atinja o perigeu. O Missouri pode usar esse tempo para alcançá-lo.
Meryl: E vamos conseguir alcançar?
Mei Ling: Assim que o Haven parar de se mover, leva uma hora para nos aproximarmos. Depois disso, o Missouri precisa atacar antes que os preparativos do Haven para o lançamento estejam finalizados. Esse navio não possui mais a maioria dos seus equipamentos... e nenhum recurso eletrônico de guerra. Não tem radar nem armas mais modernas. Vamos ter que confiar nos nossos olhos para rastrear o inimigo. Do ponto de vista do Haven, para usar o canhão elétrico montado sobre a ponte, será preciso abrir a cobertura. Vai ser a nossa única chance de entrar.
Meryl: Entrar? Por que não podemos atacar daqui?
Otacon: Não adiantaria. Enquanto o Liquid controlar o Sistema, destruir fisicamente o GW ainda deixaria a autoridade suprema nas mãos dele... nos Filhos dos Patriotas.
Mei Ling: Sim, o Dr. Emmerich tem razão. Por isso precisamos destruir o GW de dentro antes de atacar o próprio Haven.
Snake: A Estrela da Morte (150) pessoal do Liquid...
Mei Ling: Certo pessoal, aqui está o plano: todos sabemos que o Haven vai subir para a superfície para ativar o canhão elétrico. Quando isso acontecer, o Missouri vai avistá-lo. Nos aproximaremos rapidamente e mandaremos uma equipe de ataque. São dois nossos objetivos: impedir o lançamento da ogiva nuclear e destruir a programação do GW. O inimigo depende totalmente de meios eletrônicos de detecção de ameaça... então eles não conseguirão ver o Missouri até a hora de emergir. Lançaremos a equipe de ataque das catapultas no momento exato que a cobertura do Haven se abrir. A equipe deve penetrar no servidor físico do GW e infectá-lo com um vírus.
Johnny: Mas e se desligarem o GW antes de entrarmos?
Mei Ling: O Liquid já se estabeleceu dentro da rede dos Patriotas. Ele precisa se manter lá ou destruir o JD não vai adiantar nada. Ele não pode deixar o GW ser desligado.
Meryl: Mas não vamos nos esquecer: o Liquid vai usar o que puder para parar a equipe de ataque.
Mei Ling: Exato. O corredor que leva ao GW é protegido por armas de energia dirigida que emitem certos tipos de microondas.
Johnny: Você disse... microondas?
Mei Ling: Isso mesmo. E na freqüência que emitem, as ondas vão evaporar qualquer pessoa dentro daquela área.
Snake: Um forno de microondas gigante... É preciso ter um desejo mortal de entrar lá... Parece o trabalho perfeito pra mim...
Meryl: Snake, não é hora pras suas piadas estúpidas!
Mei Ling: Fora desse corredor, os soldados do Liquid vão atacar com força máxima. Dentro, existem armas mecânicas esperando por nós.
Snake: Onde você conseguiu todas essas informações? Você realmente acha que existe um meio de destruir o GW?
Mei Ling: Sim, eu acho. Ela... nos deixou pistas que nos apontam para a direção certa.
Otacon: A Naomi contribuiu com os preparativos para parar o lançamento do Haven.
Snake: A Naomi?
Otacon: Todos os dados de dentro do Haven vieram dela. A principal razão pela qual ela entrou no Nômade conosco foi para entrar em contato comigo, mas ela acabou deixando isso com a Sunny.
Snake: Como assim?
Otacon: Ela deixou o plano nas mãos da Sunny.
Mei Ling: Essa operação inteira é baseada nos dados que ela nos deixou.
Snake: De que lado ela estava afinal?
Otacon: Nunca vamos descobrir suas verdadeiras intenções... Mas uma coisa era certa: ela estava determinada em parar o Liquid.


O projetor se apaga e as luzes da sala se acendem.

Meryl: Vamos, galera... alguém diga algo positivo. Qualquer coisa.
Mei Ling: Atenção! Ouçam! Um sábio escreveu uma vez: "...a fala dos que se acham no transe de morrer a atenção força qual profunda harmonia. Quando poucas são as palavras, raramente ficam desperdiçadas." (151)
Meryl: ...
Johnny: ...
Otacon: ...
Snake: ...
Mei Ling: Alguma outra pergunta?
Snake: Eu...
Mei Ling: Sim. Snake.
Snake: Alguém tem um cigarro?
Meryl: Ai... Snake...

Após um tempo, na mesma sala, conversam a sós Snake e Otacon. Snake pega um cigarro de seu maço e percebe que só falta um para acabar. Otacon, apesar de contrariado, acende para Snake.

Snake: Então... está me contando que a Sunny escreveu esse programa?
Otacon: Na verdade, mais ou menos um terço é trabalho dela. A Naomi estava trabalhando num programa para destruir o GW, mas não conseguiu terminar. Então ela o entregou para a Sunny. A Sunny foi procurar na minha biblioteca se havia um código fonte que ela pudesse usar para completá-lo. Até encontrar uma coisa: o vírus da Emma. Ela pegou o código da minha irmã e o adaptou para o programa da Naomi. Eu não tive tempo de olhar linha por linha, mas, pelo o que vi, me lembrou o da Emma, como se minha irmã tivesse deixado rastros dela nessa estrutura... Mas o vírus que a Sunny criou é ainda melhor que o da Emma. O vírus da Sunny destrói o intelecto da IA iniciando o processo de apoptose nas células. Uma vez instalado no GW, deve causar um dano real.

Snake, dá a primeira tragada no cigarro e começa a tossir freneticamente, mal se agüenta em pé. Logo após passar mal, Snake está prestes a ter um lapso quando injeta uma seringa em si mesmo para melhorar rapidamente.

Otacon: Snake, já pensou em parar de fumar?
Snake: Por quê? Eu não tenho saúde pra me preocupar mesmo...
Otacon: O que está tentando fazer? Se matar? Se estiver, está perto de conseguir indo para o Haven... Por que não deixa outra pessoa ir? Você não precisa...
Snake: Eu ainda tenho coisas a fazer... além de fumar.

Snake começa a tossir de novo. Otacon anda até ele e tira o cigarro e cinzeiro de sua mão.

Snake: Otacon. Por que não pula do navio comigo?
Otacon: Acho que não. Eu também tenho coisas a fazer. E eu nem fumo...

O Missouri avança para o sul em sua velocidade máxima. Na sala de comando, Mei Ling dá as ordens.



Marinheiro 1: Capitã, navio inimigo a 300 metros, ainda emergindo.
Mei Ling: Como estão os motores?
Marinheiro 2: Sem problemas a serem reportados.
Mei Ling: Preparem-se para atingir velocidade máxima. E preparem a equipe de ataque para lançamento imediato.
Marinheiro 1: Aye aye (152), capitã.

Um dos marinheiros saúda Mei Ling e deixa a sala.

Mei Ling: Quanto tempo temos até o Haven subir à superfície?
Marinheiro 2: Por volta de 20 minutos.
Mei Ling: Conforme o programado. Quando ele emergir e abrir sua cobertura, moveremos de acordo com o planejado.
Marinheiro 2: Aye, capitã.

O outro marinheiro está prestes a sair da sala, mas vira-se de volta à Mei Ling.

Marinheiro 2: Capitã?
Mei Ling: Sim?
Marinheiro 2: Essa é primeira vez que sirvo de verdade.
Mei Ling: Eu entendo. Qual o seu ponto?
Marinheiro 2: No começo, ser escolhido para esse navio foi uma grande decepção para mim. Mas a falta de ação foi meio que um alívio também. Capitã, estou com medo.
Mei Ling: Tudo bem, eu também estou com medo. Essa também é minha primeira vez. Mas eu não vou deixar isso me parar porque tenho mais medo do que pode acontecer se eu sair daqui. Ninguém vai morrer enquanto eu estiver no comando. Esse navio vai voltar ao Havaí em segurança. Eu prometo.
Marinheiro 2: Está certo. Obrigado.

Mei Ling e o marinheiro se saúdam e ele deixa a sala. Snake, Otacon, Meryl e Johnny caminham em direção às catapultas do convés. 

Snake: E o Raiden, como ele está?
Otacon: Ele vai sobreviver, mas não está em condição de lutar. Melhor deixá-lo descansar.
Snake: Certo.
Otacon: Todos estão se descabelando sem a proteção do Sistema. Dizem que os efeitos tardios do SOP são tão ruins que muitos soldados estão desertando.
Snake: As únicas pessoas que ainda podemos confiar são na Meryl e... nele...
Otacon: Qualquer coisa que ele faça já estaremos no lucro, não?

Meryl e Johnny conversam caminhando um pouco à frente de Otacon e Snake. Johnny dá um tapinha da bunda de Meryl e ela o repreende ferozmente.

Drebin: Eu consegui uma M82 sem ID para ele.

Snake e Otacon olham em volta para achar de onde vem a voz do Drebin. Snake olha para cima e vê Drebin sentado num dos canhões do Missouri abrindo uma lata de refrigerante.

Drebin: Que legal encontrá-los por aqui.
Snake: O que você está fazendo aqui?
Drebin: Eu lavei as armas desses caras e os dei novas armas sem identificação... Incluindo aquelas catapultas que vocês vão entrar. O negócio está devagar depois que o Liquid colocou as mãos no Sistema... ele parou de dar ordens extras. Agora que todas as armas ao redor do mundo estão travadas, os únicos procurando briga são vocês. Dizem que não é nada econômico substituir todo aquele equipamento inútil dos campos de batalha com as minhas coisas. Então fiz uma viagenzinha especial pra cá, só pra vocês.
Snake: Drebin, você faz a mínima idéia do que está acontecendo aqui?
Drebin: Claro que faço.

Drebin pula no convés numa pose dramática e seu macaco faz o mesmo o imitando. Drebin oferece a lata de refrigerante a Snake, que nega com a cabeça. Ele entrega então ao seu macaco.

Drebin: Quando se fala sobre armas, o mundo é como esse refrigerante: assim que o gás acaba, não dá mais pra consumir, não vale nada. Eu fico do lado de quem mais precisa de mim. Entendeu? Se precisar de alguma coisa, só me chamar. Estou montando uma lojinha por aqui.

Snake pega um cigarro e o coloca na boca. Drebin percebe que Snake não acha o isqueiro e usa o truque de acender o fogo com os dedos.

Drebin: Aproveite... pode ser o seu último.
Snake: E é. Acabaram.

O macaco pede o cigarro para Snake e acaba ganhando. Drebin não o desaprova dessa vez. O macaco sai andando feliz, mas antes entrega o refrigerante para Snake em forma de agradecimento. 

Snake: Tudo bem.
Drebin: Parece que essa última tragada vai ter que esperar... 

Drebin parte fazendo sempre o mesmo sinal de quando diz "meus olhos têm você". Snake pára um dos soldados que cuida dos preparativos das catapultas e entrega a lata de refrigerante que ficou em sua mão. Outro soldado mostra a Snake em qual catapulta deverá ir. Campbell liga para Snake no momento que toda equipe se prepara para ser lançada. Otacon entrega o Mk.III para Snake e se junta a Mei Ling na sala de comando.

Campbell: Snake, consegue me ouvir? O navio de guerra do Liquid - Outer Haven - é uma versão modificada do modelo Arsenal Gear roubado dos Patriotas. Está repleto de Irvings e outras armas mecânicas. De acordo com os dados da Naomi, o Haven é protegido por um batalhão de soldados especiais reunindo o que as PMCs têm de melhor para oferecer. Se o Liquid conseguir mesmo destruir o JD e tomar o controle do Sistema dos Patriotas, ele vai fazer do Haven sua casa e espalhar suas PMCs pelo planeta todo. E o domínio armado da humanidade vai começar. Preste atenção, essa é a última chance de prevenir que o Liquid escravize o planeta.
Marinheiro 1: Capitã, Haven à vista.
Mei Ling: Preparar a arma principal!

O Missouri ajusta as miras de seus canhões enquanto o Outer Haven emerge do fundo do oceano. Os soldados a bordo do Missouri se desesperam pela proximidade do alvo. Snake, Meryl e Johnny estão preparados cada um em suas catapultas.

Campbell: Meryl, consegue me ouvir? Está na hora... de cumprir sua missão. Lembre-se: aconteça o que acontecer, estarei com você até o fim. Você é meu orgulho e minha alegria.

Meryl enxuga as lágrimas de seus olhos e encara bravamente seu desafio. A cobertura do Outer Haven se abre revelando o canhão elétrico.

Marinheiro 1: Canhão elétrico exposto.
Mei Ling: Ali está... uma arma nuclear sem restrição de uso.
Otacon: Hora de acabar com isso, Snake. Que essa seja nossa última batalha. Se somos responsáveis pelos crimes do Liquid, então a dívida é nossa.

Otacon fala com Snake através do Mk.III. No Outer Haven, o canhão começa a se direcionar para o céu enquanto muitos mísseis começam a ser lançados em direção ao Missouri.

Marinheiro 1: Inimigo tentando nos interceptar!
Mei Ling: Manter velocidade máxima!
Campbell: Se falharmos, a raça humana vai se afundar em destruição. Vocês precisam impedi-los de usarem aquele canhão elétrico e então aniquilar o GW.
Mei Ling: Fogo!

Todas as armas do Missouri disparam o que podem em direção aos mísseis e ao Outer Haven. Os mísseis são abatidos. Além disso, um dano mínimo é feito no Outer Haven.


Marinheiro 1: Acertamos o alvo! Pequeno dano!
Marinheiro 2: O inimigo está contra-atacando!
Mei Ling: Preparem-se todos para o impacto! Se segurem!

O pequeno Missouri colide com o gigante Outer Haven em alto mar. Um passa do lado do outro com suas laterais se raspando durante a colisão. Quando o convés do Missouri com as catapultas passam do lado da cobertura aberta do Haven, Snake e Meryl são lançados para dentro do Outer Haven. Johnny sai de mau jeito de sua catapulta e parece escorregar pela parte externa do Outer Haven, caindo não se sabe onde. Snake e o Mk.III caem rolando pelo convés do Outer Haven. Apesar do impacto, ele aterrissa sem maiores problemas, graças também ao seu traje que protege seu corpo. Assim que consegue parar, ele examina o local. Mesmo vazio, ele se esconde para evitar problemas. Meryl o chama via Codec.

Meryl: Snake...
Snake: Onde você está?
Meryl: Desculpe... meu tornozelo...
Snake: Consegue andar?
Meryl: Acho que sim.
Snake: Você está bem?
Meryl: Dói muito mais sem o SOP.
Snake: Faz você se sentir viva, não? E o Akiba?
Meryl: Ele caiu no oceano. Snake, eu o alcanço logo. Siga em frente!
Snake: Meryl!!!

Antes da transmissão de Meryl se finalizar, tiros são ouvidos. Snake então percebe algo se aproximando. Ele vira pronto para atirar, mas percebe ser o Mk.III.

Snake: Otacon.
Otacon: Desculpe deixá-lo esperando.
Mei Ling: Snake, pode me ouvir? O GW está na parte de trás do Haven. Ande!
Otacon: Bom trabalho, Snake. Você está a bordo do Haven. Unidades inimigas já devem estar a caminho. Faça o que puder para chegar ao GW!

Snake passa pelo convés do jeito que pode: desacordando inimigos, se escondendo e se defendendo. Ao pegar um elevador que o leva para a parte interna do Haven, ele se lembra do que Mei Ling falava na sala de reunião do Missouri.

Mei Ling: O corredor que leva ao GW é protegido por armas de energia dirigida que emitem certos tipos de microondas.
Johnny: Você disse... microondas?
Mei Ling: E na freqüência que emitem, as ondas vão evaporar qualquer pessoa dentro daquela área.
Snake: Parece o trabalho perfeito pra mim...

2 comentários:

Dom_Lu disse...

A parte do microondas é realmente dramática... Vc sente todo o cansaço do Snake!

Bom trabalho e falta pouco! ;)

JARMESON TIAGO disse...

parabéns...foi uma ótima leitura pra mim.
vlw por postar.